Casa cheia de surpresas | Capítulo 2

Last Updated on: 30th agosto 2021, 06:25 pm

A sala pode ser um dos espaços mais vistosos na casa do arquiteto Fabio, construída do zero e de forma tão detalhada que se assemelha ao processo de um artesão. Só que é na cozinha que a mágica acontece: “A casa oferece vários momentos prazerosos, mas talvez uma das coisas que mais curto é receber os amigos para cozinharmos e ficar ouvindo música”, ele diz. Integrada com os demais ambientes, a área reservada para as experiências gastronômicas do morador é definida por ele como um “grande armário de farmácia antigo”, em estrutura de ferro enferrujada e bancada de ardósia. Outro detalhe que não passa despercebido é a janela redonda novamente: durante a noite, as luzes da cidade viram um pano de fundo especial.

A cozinha, feita para receber pessoas e compartilhar momentos, divide espaço com a parte mais reservada da casa: o quarto. Na realidade, os cômodos possuem a mesma estrutura de armário, que é dupla face. Por isso, o lugar de descanso do Fabio não é totalmente fechado, uma novidade que ele adora: “O que cria o ambiente do quarto é o armário da cozinha e o guarda-roupas, ambos descolados do teto. É muito diferente, até hoje sempre fico fascinado com esse cômodo, realmente inusitado”, revela.

O clima de mistério para descobrir o que há do outro lado dos armários vale a pena quando uma segunda área ao ar livre se revela ali. O lugar é uma espécie de varanda para o quarto, feita para o morador descansar na rede ou aproveitar um tempo relaxando no ofurô – dois itens indispensáveis na rotina de Fabio: “O interessante desse espaço é que ele está sobre uma laje. Ou seja, sem terra direta do solo. Mas mesmo assim, com cachepôs, vasos e muitas plantas, nem parece que não estamos em solo. É bastante aconchegante”, conta. Além disso, toda a vegetação foi pensada pela perspectiva de quem está dentro do ofurô, como uma forma de criar mais privacidade. O mesmo acontece com o banheiro todo envidraçado que possui ligação direta com o ambiente.

A varanda também é o lugar mais ocupado pelos pets. Apesar de toda a casa ser integrada e ter muita fluidez, o quarto foi projetado com um pouco menos de espaço interno para que os cachorros pudessem aproveitar melhor esse segundo jardim: “Deu muito certo, eles adoram ficar lá. Inclusive, tem um acesso secreto para poderem ir até essa parte quando a casa está fechada por causa do frio, por exemplo”.

Espaços bem resolvidos, repletos de detalhes e desenhados com originalidade se misturam com móveis garimpados e com todos os materiais que o morador reutilizou enquanto demolia a antiga construção do terreno. Com um projeto marcado pela liberdade de criação e paciência com o tempo, a casa do mineiro Fabio surgiu como um oásis no meio de São Paulo, transbordando personalidade. E essa característica, todo mundo nota: “Quem me conhece e visita a casa não tem dúvidas, ela é a cara do Fabio. Então, entendo que meu objetivo foi cumprido”.

O arquiteto faz questão de afirmar que o seu abrigo é exatamente como ele sonhava, indo além na definição do que é esse sonho e do que é vivenciar um lugar que pode ser chamado de lar: “Não quero parecer com nada nem seguir nenhuma tendência, quero que meu espaço reflita meu jeito e quero me sentir bem nele”. Sem dúvida, o morador chegou onde queria. E quem pode afirmar isso é a própria casa – toda a energia e afeto depositados nela deixam em evidência essa grande realização de Fabio.

Texto por Natália Pinheiro | Fotos por Rafaela Paoli