Last Updated on: 29th junho 2022, 09:59 am
Uma casa com critérios flexíveis na hora de decorar, mas que vai fluindo de acordo com as ideias criativas dos moradores: é assim o apartamento dos designers Rui e Joana. O casal vive junto nesse apê em Lisboa desde 2013, mas a história com o imóvel é mais longa. Rui decidiu fazer a compra em 2006, e muitos pontos positivos o atraíram na época: “O edifício estava no término de uma obra de restauração. Essa sensação de chegar a um lugar com história, mas renovado e pronto a habitar, foi o que me encantou”, diz. Mas não foi só isso. A ótima iluminação do apê, dividido em três “partes” – primeiro e segundo andar, além do sótão; a existência de uma varanda ensolarada bem charmosa e também o silêncio da rua onde fica o prédio, contribuíram para o “sim” final.
Atualmente, a calma de Arroios, onde fica o apê do casal, é ainda mais importante para a nova rotina que surgiu com a chegada do pequeno Óscar. A adaptação do lar para a família maior veio de encontro com uma obra ocasionada por uma infiltração, que rendeu seis meses de alterações. “Decidimos, numa fase inicial, refazer a varanda e a cozinha, pois estava com infiltrações. Mas, já que teríamos ruído de obra durante muito tempo e confusão permanente em nossas vidas – vinha lá um filho – decidimos reformular o piso de cima na totalidade”, eles contam. A reforma aconteceu entre 2019 e 2020, dando outra cara principalmente para o andar onde ficam os quartos. O sótão, com acesso por uma escada azul marcante e usado antigamente como quarto do casal, se transformou em uma área aberta perfeita para projetar filmes ou fazer uma leitura. E o quarto, então, desceu para um dos cômodos bem ao lado, mas agora, sem o acesso à varanda para Rui e Joana terem mais momentos de sossego.
Ainda no andar superior, uma das partes que mais chama a atenção de quem passa por ali é o arco colorido levando até o banheiro da casa. Porém, os moradores contam que chegar nesse resultado não foi um processo tão simples – até se divertem com a lembrança: “A Joana sugeriu um arco, o Rui achou uma ideia parva. O Rui propôs uma cor forte color-block nas paredes e chão com iluminação indireta para ser mais cênico, a Joana achou um disparate. Nós juntamos tudo e ganhamos os dois”, eles brincam. Já no piso de baixo, a cozinha foi o cômodo que mais recebeu atenção de Rui e Joana: uma parede foi derrubada para integrar o ambiente com a sala de jantar e proporcionar mais espaço à família, que adora fazer as refeições da manhã lado a lado.
O armário também é um capítulo à parte, com uma história que começa lá em 2006, quando Rui comprou o apê. “Os gabinetes da cozinha já estavam feitos, eram amarelos ao contrário da tendência branca e cinzenta [da época]”. O tom agradava os dois, que decidiram manter as portas originais depois da reforma. O problema foi que, acidentalmente, elas foram parar no lixo. “Podendo escolher qualquer cor do mundo, decidimos manter a paleta anterior, a primeira escolha do primeiro construtor”, contam. Assim, o apê ganhou uma cartela de cores que deixa o espaço divertido, leve e bastante criativo. Inclusive, a ideia de se basear em cores na hora de decorar é quase que um movimento intuitivo dos designers: “Gostamos de cores e do inesperado. Gostamos de trazer da rua, de encontrar, de recolher… a casa vai assim acontecendo junto conosco”.
O caminho que o casal segue ao vivenciar o próprio lar está intimamente ligado ao processo criativo no mundo do design, campo profissional dos dois. “Damos atenção ao detalhe, ao conforto e à usabilidade. Trabalhamos com uma ideia contemporânea do design enquanto disciplina que se propõe a resolver coisas e simplificar”, dizem. E mesmo assim, eles ficam abertos ao novo: “Curtimos como crianças, não deixando cair a ingenuidade que é necessária para o processo criativo. Sentimos que há disso cá em casa”. Nesse ponto, o dia a dia com o filho pequeno também ajuda a olhar para o apê de outra maneira, entendo as necessidades de Óscar. “O quarto das visitas passou a ser dele. Nosso antigo quarto passou a ser o sótão. O chão, o colchão, a cozinha, o sofá… passaram a ser um playground enorme”, eles contam.
Apesar das mudanças constantes, a essência do apê continua muito presente. Isso aparece nas lembranças que os dois carregam e deixam vivas nos itens expostos pela casa, como é o caso do casaco feito pela designer australiana Rachel Burke – e usado por Joana no casamento dos dois – ou o videogame antigo que Rui guarda até os dias de hoje, um Master System da Sega. Está também nos momentos que passam juntos dentro de casa: seja na varanda ensolarada, um escape perfeito em tempos de pandemia; ou no canto de trabalho com vista para o comedouro dos pássaros.
Independente do canto preferido do casal ou do cômodo onde eles passam a maior parte do dia, o apartamento tem uma harmonia que sintoniza com a visão integrada e ativa dos dois sobre a vida. “Queremos uma casa que nos acolha, nos abrace, que nos dê espaço, nos deixe trabalhar e respirar. Que seja esteticamente apelativa, calma e provocadora, caótica e arrumada ao mesmo tempo. Acho que a casa somos nós e nós somos esta casa. Somos nós a acontecer aqui. É viva. Muda mais do que imaginamos. Muda com a gente. E é especial mudar com ela”, finalizam.
Texto por Natália Pinheiro | Fotos por Gui Morelli
Casa linda! Charmosa! Adorei!
Adorei o quarto morador: o gato!
Hahaha, sim!
Muito fofinho né? 🙂
Belíssimo, casa charmosa demais!!!
Uma casa adorável, charmosa e harmônica. Combina com a linda família, parabéns!