Last Updated on: 15th fevereiro 2021, 02:31 pm

Quando uma arquiteta que adora cozinhar resolve projetar a sua casa do zero é natural que a cozinha receba uma atenção especial, mas no caso da Cecilia, toda sua família ama receber e passar tempo ao redor do fogão, então não é à toa que o cômodo se tornou o coração da casa. “Durante o projeto, ficamos muito na dúvida de quem deveria ganhar o jardim: se seria a sala ou a cozinha. E concluímos que nossos momentos mais felizes acontecem perto da cozinha. Então o andar de baixo foi pensado para ter uma interação horizontal, com todo mundo se sentindo à vontade para abrir um armário e colocar a mão na massa”, ela diz. 

A decoração é um resultado disso, com livros de receitas, brinquedos e até mesmo panelas, que são objetos muito especiais para a moradora. Como toda a sua família gosta de cozinhar, Ceci conta que começou a ganhar utensílios desde cedo, por isso sua coleção já é grande. “Tem as panelas de cerâmica que eu trouxe da China, outras que foram presente de casamento… elas ficam lá todas expostas, como objetos de decoração”, ela conta, deixando bem claro que a estética ali caminha junto com o bom uso dos espaços.

Com o imóvel estruturado verticalmente, o andar de baixo é o que tem a área mais reservada para o lazer, com uma bancada de concreto que acompanha todo o lote, virando banco no pátio interno e seguindo até a churrasqueira. Para dar um toque de cor, o painel de ladrilho hidráulico, desenhado pela artista plástica Laura Gorski, muda a frequência de tons ao longo da casa, lembrando as estações do ano e alegrando quem passa por ali.

Para os filhos de Ceci e Marcos, cada pavimento é aproveitado de um jeito: o piso de baixo é o das brincadeiras, seja no pátio de pedriscos ou andando de bicicleta em volta da ilha; o andar térreo é sinônimo de televisão; e no final do dia eles sobem para fazer atividades mais calmas, como jogos e momentos de leitura antes de ir para a cama.


Para dormir, os meninos dividem o mesmo quarto, com clima alegre, uma estante cheia de histórias e vista para a copa de uma árvore no lado de fora. Eles ainda possuem um outro ambiente, logo ao lado, reservado somente para as brincadeiras ou para hospedar os familiares. Já na suíte do casal, os armários ripados fazem toda a diferença e a maior parte das peças é formada por garimpos: a cabeceira foi comprada em um ‘Família vende tudo’, a mesinha e o mancebo foram feitos por um serralheiro, o tapete é herança de família e os quadros são presentes e lembranças trazidas da China.

Ceci brinca que em sua casa não podem faltar humor, macarrão e amor, e conta que para ela, a decoração só faz sentido quando é construída ao longo da vida, em viagens, presentes e lembranças. “A casa é reflexo de um monte de coisa da família… acho que a nossa mostra a nossa cara e os nossos valores: que todo mundo participa, que tudo é acessível, que nada físico é mais importante do que gente”.

Fotos por Maura Mello