Last Updated on: 26th fevereiro 2021, 04:41 pm

Quem acompanha o trabalho do Maurício Arruda consegue facilmente perceber que sua missão é maior do que fazer e falar sobre decoração. Ele quer inspirar e ensinar as pessoas compartilhando tudo o que sabe. Mas essa inspiração não precisa acontecer sempre de forma tão literal. Sim, ele tem um acervo gigante de dicas e soluções, mas o grande ensinamento na verdade é esse: abrace a liberdade de ser você mesmo. “Conseguir se expressar é muito importante dentro de casa. Ela tem que ser um reflexo da sua história, do momento que você vive. Então é liberdade nesse sentido, de você poder usar a sua casa para se comunicar. Com você mesmo, com os outros e com a sua família”. Anotou? Então vem continuar esse tour delicioso!

O Maurício gosta muito de cor, pesquisa bastante a respeito e sempre usa esse recurso em seu trabalho – mas em sua casa a ideia era explorar as cores de um jeito diferente. Algo que não tivesse feito ainda. Foi assim que surgiu a vontade de pintar os tetos com tons variados, e isso acabou dando uma baita personalidade ao apartamento. Ele conta que pensou na composição como um todo, então a paleta conecta o rosa, o azul e o verde dos tetos com o mostarda aplicado no segundo dormitório, que funciona como uma sala de TV. O segredo para a mistura dar certo? Não ter medo de errar.

“Você pode errar. E não tem nenhum problema nisso! A gente tem que fugir do medo de errar. O errar faz parte da experiência e aprendemos com ele. Pintar a casa é diferente de comprar um sofá. Experimentar cor na parede é um exercício mesmo: se você não gostar da cor, vai lá e pinta novamente. É a maneira mais barata e mais simples de você transformar sua decoração. Eu já pintei meu apartamento várias vezes de cores que eu não gostei, e aí eu pintei de novo. Faz parte não ter a pretensão de acertar de primeira. E algo bem legal é que o erro na verdade valoriza o processo, o que é muito mais importante do que como vai ficar a casa. Essa é a grande sacada que a gente tem que ter em relação à decoração. O processo, o caminho, as escolhas, essas tentativas são a parte mais legal. A casa de fato nunca fica pronta. Porque a gente nunca fica pronto. Então ela está sempre em movimento, igual a gente”.

Relaxar e desconectar. Esses eram os maiores desejos do arquiteto para o quarto, e isso se traduziu na decoração por meio de menos cores e objetos, e bastante luminosidade. “O projeto do quarto tinha que ser simples, tinha que ser leve”, ele conta. Para disfarçar os volumes dos armários, Maurício teve a preocupação de desenhar móveis que mimetizassem com a arquitetura. A peça sob a janela acomoda todos os cabideiros, e o guarda-roupa sem muito adereço disfarça a porta de entrada para o banheiro. Como a ideia era esvaziar um pouco – a mente e o olhar – o espaço tem apenas alguns objetos, como o espelho criativo e uma boneca Kokeshi trazida do Japão.

Não pensem que o banheiro ficou de escanteio no projeto. Para o morador, esse ambiente é bastante importante, então ele fez questão de pensar em todos os detalhes com carinho. Espaçoso, colorido e bem iluminado, o cômodo é puro conforto. E tem uma carga de história também, já que os azulejos são originais do apartamento e foram reutilizados. “Tanto o azulejo quanto o granilite são essenciais pra mim. Eles refletem essa vontade que eu tinha de que esse ambiente fosse especial dentro da casa”.

O apartamento do Maurício Arruda é tudo isso: laboratório criativo, cenário de fotos e vídeos, um lugar de inspiração, uma cartilha de dicas… mas, no fim das contas, o que faz dessa casa um lar segundo ele próprio? “Essa sensação de casa viva. De sempre buscar uma experiência de casa em movimento. Onde a gente está cozinhando, onde as plantas estão vivas, onde tem a cachorra, onde as coisas podem mudar de lugar, onde o layout é intuitivo, onde os amigos não se intimidam de arrastar os móveis, de puxar uma cadeira, de sentar no chão. Uma casa extremamente sensorial. Onde os sentidos são estimulados, onde você tem texturas, onde tem luz, tem sombra, tem cheiro. A beleza na imperfeição das coisas, a beleza na história dos objetos, a beleza das marcas do tempo. Isso que faz uma casa ser um lar”. Impossível terminar de ler essa história sem se sentir inspirado a ocupar e amar ainda mais a nossa casa!

Ei! Ainda tem mais… Já viu que o Maurício fez um tour completo da casa no canal dele no YouTube? Vem aqui conferir.

Fotos por Maura Mello