Last Updated on: 18th outubro 2023, 03:11 pm

A restauradora de móveis Tania Grimaldi tinha apenas 6 meses de idade quando sua família se mudou da Argentina para o Brasil. Na época, a cidade escolhida foi o Rio de Janeiro, onde ela passou a infância, cresceu e viveu boa parte da vida adulta, até se mudar a trabalho para São Paulo: “Eu ainda atuava como executiva de marketing, minha primeira profissão, que exerci por 16 anos. Foi uma carreira bacana, que me ensinou muito, mas sentia vontade de trabalhar com algo mais afetivo e criativo”, ela se lembra. O restauro de móveis veio como resposta em um momento de resgate de suas memórias familiares — e mesmo Tania se considerando carioca, esse movimento tem tudo a ver com as suas raízes argentinas.

“Ao mudar de país, minha família materna trouxe também alguns móveis. Peças lindíssimas de estilo francês. Eu cresci rodeada por essa beleza toda. Brincava com o barzinho quando era criança e tinha toda uma relação lúdica com esse mobiliário. Quando minha mãe faleceu, eu herdei as principais peças e me dei conta de como elas eram importantes para mim. Eram um vínculo super forte com a minha identidade, a minha infância e a minha história… Então quando eu decidi deixar de trabalhar com marketing, acessei esse lugar afetivo para encontrar a minha nova profissão”, ela conta. Foi assim que nasceu a Casa Grim, seu ateliê de restauração de móveis que hoje já tem mais de uma década de existência e possui até mesmo uma linha de produtos autorais.

casa de vila com móveis antigos de família e decoração afetiva
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Casa de vila onde os móveis antigos contam histórias
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“Eu vejo a restauração de móveis como uma forma de cuidar e valorizar a história de uma família. Para mim, recuperar a integridade e beleza de algo não é o objetivo final, e sim uma maneira de cultivar o vínculo afetivo que aquela peça representa”, conta Tania. Naturalmente, os itens herdados de sua mãe, e tão importantes para sua vida pessoal e profissional, ganharam espaço de destaque na casinha de vila onde ela vive desde que chegou a São Paulo. A moradora se lembra de que assim que visitou o imóvel, teve a sensação de amor à primeira vista: os ambientes amplos a conquistaram, assim como as janelas grandes da sala. Mesmo assim, Tania chegou a fazer algumas melhorias em seu lar:

“Integrei ainda mais os cômodos abrindo a cozinha para a sala de jantar. Troquei o piso frio por madeira Cumaru para deixar o espaço mais aconchegante e, aos poucos, fui transformando a pequena área externa que eu tinha com plantas, trepadeiras e primaveras”, ela fala.

casa de vila com móveis antigos de família e decoração afetiva
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Para preencher ainda mais os espaços, as peças autorais da Casa Grim também marcam presença: “Ouvia vários clientes que não tinham ainda móveis especiais, mas que queriam muito iniciar uma história. Buscavam itens com design bem pensado e qualidade estrutural para durarem por décadas. Com o tempo, resolvi criar algumas peças assim, com inspiração modernista como a poltrona Oba e as mesas Giuseppe. São móveis que vão fazer parte da família das pessoas por muitas gerações, que é o que a gente valoriza”, Tania diz.

Para ela, a emoção de seus clientes é a maior recompensa neste trabalho: “É um processo meticuloso e muito bonito, que eu aprendi com os próprios profissionais. Bati muita cabeça, fiz diversas perguntas — e sigo fazendo — para entender como trabalhar um móvel e quais são os limites da restauração. Afinal, cada peça é única e os danos e avarias também têm características próprias, com soluções específicas. Hoje eu conto com uma equipe maravilhosa que faz verdadeiras mágicas, inclusive na parte de tapeçaria, com sofás e poltronas, por exemplo. Já são 12 anos de Casa Grim e posso dizer que tenho muito orgulho do trabalho que fazemos”. Assim fica fácil entender como esse carinho se espelha em cada canto de sua casa.

Texto por Yasmin Toledo | Fotos por Ricardo Faiani