Last Updated on: 1st agosto 2022, 05:49 pm

A comida dita a dinâmica nessa casa. E não é para menos: quem mora nela é a jornalista Ailin Aleixo, que escreve sobre gastronomia, turismo gastronômico e produção de alimentos há mais de vinte anos. Além disso, Ailin também é jurada do programa Top Chef Brasil e apresenta um podcast sobre temas desse universo, o VaiSeFood. Quando ela e o marido Marcelo Furquim, designer gráfico, compraram o imóvel em 2020, já tinham em mente que o lugar passaria por uma reforma. A cozinha desde o início chamou a atenção da moradora, que decidiu ampliar o espaço e derrubar uma parede para integrá-lo ao jardim. Depois de seis meses no quebra-quebra e diversas mudanças comandadas pela arquiteta Carolina Gimenez, um lar incrível surgiu.

“Ao longo dos meses da reforma, fui criando uma imagem na minha mente de como gostaria que fosse a sala, o nosso quarto, a cozinha… e tudo o que via era cor. Queria ambientes alegres, cheios de vida e personalidade”, a moradora conta. Nessa etapa, alguns móveis foram aparecendo aos poucos na lista de aquisições do casal, incluindo o sofá mostarda da sala, a estante para organizar as bebidas e as cadeiras cor-de-rosa. E no processo criativo da imaginação de Ailin, uma coisa ficou bem evidente: a sala merecia um painel impactante, algo que chamasse a atenção. “Quando me deparei com esse papel de parede, rolou paixão à primeira vista – hoje é uma das primeiras coisas que as pessoas reparam e elogiam”, diz.

Na estrutura da casa, o que mais mudou foi a área externa. Além da parede da cozinha derrubada para integrar o cômodo ao jardim, o quintal passou por outras transformações: uma parede de pedras saiu de cena para trazer mais luminosidade, o piso de caquinhos foi coberto com cimento queimado e um deck de madeira foi instalado. Porém, o que mais impactou no bem-estar do casal foi a ideia de construir uma grande horta. A proposta já era antiga na cabeça da jornalista, mas ela se encantou com a possibilidade de ir além. “Quando conheci o incrível Guilherme Ranieri, gestor ambiental e especialista em Plantas Alimentícias Não Convencionais, ele me introduziu ao conceito de paisagismo comestível. Pirei!”, Ailin lembra. Desse encontro surgiu um jardim repleto de PANCs, plantinhas comestíveis menos conhecidas, mas que possibilitam uma experiência ainda mais diversa e criativa na cozinha.

A casa acolhedora da Ailin Aleixo
A casa acolhedora da Ailin Aleixo
A casa acolhedora da Ailin Aleixo
A casa acolhedora da Ailin Aleixo
A casa acolhedora da Ailin Aleixo
A casa acolhedora da Ailin Aleixo
A casa acolhedora da Ailin Aleixo
A casa acolhedora da Ailin Aleixo
A casa acolhedora da Ailin Aleixo
A casa acolhedora da Ailin Aleixo
A casa acolhedora da Ailin Aleixo
A casa acolhedora da Ailin Aleixo
A casa acolhedora da Ailin Aleixo
A casa acolhedora da Ailin Aleixo

A decisão foi tão acertada que a parte externa se tornou o canto preferido da casa – junto da cozinha, é claro. E isso inclui os gatinhos, que adoram ficar na grama e vasculhar as plantas (aliás, elas também são comestíveis para eles). O que não faltam são opções para a família preparar os mais diferentes pratos com o que há no quintal: “Temos jabuticabeira, pitangueira, capuchinha, chanana, gerânio, malva-cheirosa, cúrcuma, gengibre, peixinho-da-horta, burrito, pé de café, limão kafir, jasmim-da-índia, limão caviar, celósia, vinagreira… e uma casinha de abelhas Jataí, para ajudar a polinizar tudo”, elenca a moradora. Depois de colher algumas das PANCs, ela vai para o outro cômodo fazer uma das coisas que mais ama: cozinhar. Os pratos, vegetarianos, sempre apresentam uma variedade de grãos, frutas, verduras e legumes. E tem de tudo na mesa: “Faço tortas com massa de farinha de grão de bico, lasanhas de vegetais, arrozes caldosos, cozidos de batata doce com cebola roxa…” – deu até água na boca, né?

Junto com a rotina de escrever sobre comida e pensar na alimentação como um ato político, Ailin aproveita o momento na cozinha para deixar a criatividade fluir – e faz questão de colocar amigos e familiares nesse mesmo movimento: “Como, para mim, alimento é biodiversidade, é cor, é vida pulsante… sempre tenho em casa ingredientes ‘diferentes’, muitas frutas, vegetais e temperos”, ela fala. “É praticamente impossível você sair daqui sem provar meia dúzia de variedades de mel de abelhas nativas, queijo de castanha, fermentados alcoólicos de frutas ou qualquer outra coisa que eu tenha descoberto no momento. Amo compartilhar o que é bom”.

A casa acolhedora da Ailin Aleixo
A casa acolhedora da Ailin Aleixo
A casa acolhedora da Ailin Aleixo
A casa acolhedora da Ailin Aleixo
A casa acolhedora da Ailin Aleixo
A casa acolhedora da Ailin Aleixo
A casa acolhedora da Ailin Aleixo
A casa acolhedora da Ailin Aleixo
A casa acolhedora da Ailin Aleixo
A casa acolhedora da Ailin Aleixo
A casa acolhedora da Ailin Aleixo
A casa acolhedora da Ailin Aleixo
A casa acolhedora da Ailin Aleixo
A casa acolhedora da Ailin Aleixo
A casa acolhedora da Ailin Aleixo
A casa acolhedora da Ailin Aleixo
A casa acolhedora da Ailin Aleixo
A casa acolhedora da Ailin Aleixo
A casa acolhedora da Ailin Aleixo
A casa acolhedora da Ailin Aleixo
A casa acolhedora da Ailin Aleixo

O projeto foi pensado para trazer mais iluminação natural e deixar a circulação entre os ambientes prática. Na hora de decorar, os dois construíram o lugar perfeito para se sentirem acolhidos, sem deixar de lado a personalidade de cada um. A cadeira de balanço que fica na cozinha é uma das peças queridinhas da moradora: “Era do bisavô paterno do Marcelo. Fabricada na década de 1900, esteve a vida toda na casa do meu sogro e, agora, se tornou parte cotidiana da nossa vida”. Outro item antigo e importante é a placa de consultório do avô materno do morador que, como médico pediatra, fez pós-graduação em Berlim, Viena e Paris na década de 1920. Já os bordados com temática de comida e também com o slogan de seu podcast dão mais um toque pessoal de Ailin.

A reforma na casa possibilitou aos dois a criação de um novo universo: existe o espaço para as guitarras e equipamentos de música do Marcelo, para a horta cheia de PANCs da Ailin e para o cantinho dos gatos. Juntos, eles vão descobrindo outras formas de morar e de se relacionar com o ambiente onde vivem. E nessa rotina, alguns momentos se tornam únicos e merecem ser repetidos com frequência: “A hora mais especial é lá pelas sete e meia da manhã, quando descemos para a cozinha, moemos o café, coamos e sentamos para tomá-lo ao som das maritacas que sempre estão por aqui cedinho. É um ritual que me enche de prazer”, Ailin conta. Afinal, nada melhor do que aproveitar com calma – e com muitas plantas comestíveis em volta – uma casa que pode ser chamada de lar por cada um de seus pequenos detalhes.

Texto por Natália Pinheiro | Fotos por Leila Viegas