Last Updated on: 15th maio 2021, 12:01 pm

A casa é muito mais do que o lugar em que moramos. É onde nos conectamos com nossa família e amigos; onde contamos nossa história por meio dos objetos; onde podemos descobrir novos hobbies e também um jeito diferente de lidar com o tempo. É onde a vida acontece – agora mais do que nunca. E já que nosso lar é um universo tão amplo, falar apenas de decoração não faz tanto sentido, por isso criamos essa coluna para abordar o morar com um novo olhar, pensando em tudo o que podemos fazer para conquistar mais bem-estar. Vamos ficar em casa?

Não dá pra negar que a quarentena deixou a rotina de quase todo mundo de pernas pro ar – e um dos assuntos mais falados nesses tempos é como adaptar a casa para que ela seja também um lugar de trabalho. Sim! O famoso home office. Apesar de algumas pessoas já estarem acostumadas a esse formato, trabalhar em casa ainda soa como novidade para muitos. Mas ao invés de propormos aqui um manual com regras ou dicas a serem seguidas, quisemos abordar esse tema com outro ponto de vista. Ou melhor, outros 3 pontos de vista.

De repente, ler o depoimento de quem também está passando por essa adaptação ao home office pode te trazer alguma inspiração ou insight que ajude a lidar melhor com esse cenário. Pensando nisso, convidamos 3 pessoas que já apareceram por aqui com suas casas e que possuem realidades diferentes para compartilhar suas vivências: a Gabriela Lorenzetti, que comanda a marca Così Home e estava habituada a trabalhar em um escritório com toda a equipe; o Ricardo Moreno, criador do site The Summer Hunter que nunca gostou muito de fazer home office; e a Cynthia Gyuru, artista e ilustradora que já chegou a ter um ateliê no passado, mas há algum tempo preferiu voltar a trabalhar de casa – antes mesmo da quarentena. Vem conferir o papo que tivemos com eles:

Gabriela Lorenzetti, da marca Così Home

Você não tem um home office montado em sua casa. Como está se adaptando a essa nova rotina de trabalho?

Gabi: A mesa de jantar virou metade escritório e metade área de jantar mesmo. Eu trouxe a minha cadeira do trabalho e coloquei umas revistas no chão para apoiar o pé. O problema é a bagunça, tenho mania de arrumação, então ver aquele monte de papel, computador e fio em cima da mesa demanda muita paz interior. Por outro lado, a sensação de correria do dia a dia diminuiu, pois estando em casa sinto que o dia fica mais otimizado e calmo.

Qual a maior dificuldade de ter que improvisar um local para o trabalho em casa?

Gabi: Para mim foi arrumar direitinho a postura de trabalho. Como estamos na mesa de jantar, acaba ficando bem improvisado, né? Mas tenho problemas de coluna, então tive que adaptar tudo para funcionar.

Você criou algum método para conseguir trabalhar em casa, continuar sendo produtiva e manter a saúde mental?

Gabi: Estou tentando manter a mesma rotina de trabalho que sigo no escritório, mas acaba sendo um pouco mais difícil, pois além das funções profissionais, acabamos tendo que parar para fazer o almoço, arrumar uma coisa ali, outra aqui, e isso vai desfocando. Mas aos poucos acho que vamos entrando na rotina.

Moramos em uma vila, então estamos deixando a porta da casa aberta para ventilar bem os espaços, aí vira e mexe passa um vizinho e dá um oi de longe. É bom ver outras pessoas e sentir que estamos todos juntos e sairemos dessa mais fortes.

Como reinventar o seu negócio nesse momento que estamos passando? Qual o maior desafio?

Gabi: A primeira coisa é garantir que financeiramente teremos fôlego. O desafio de todo mundo tem sido a queda brusca de receita e a manutenção de custos e despesas. Precisamos estancar o sangramento agindo em duas frentes: contenção de custos, ou seja, renegociação de aluguel, de produção, de fornecedores, funcionários, entre outros. E na outra frente, a da receita, sermos criativos para gerar receitas complementares e fomentar o consumo online, sem ser oportunista.

Conheça a casa linda da Gabi aqui no blog!

Ricardo Moreno, do site The Summer Hunter

Como está sendo a vida de home office sem ter um escritório montado em casa?

Ricardo: Sempre evitei ao máximo trabalhar em casa, salvo raras exceções. Meu escritório fica a poucas quadras de onde moro, então isso nunca foi um problema. Mas agora não tive escolha: como um notebook e um iPhone é tudo o que preciso para executar meu trabalho, o meu maior esforço é adaptar e ressignificar o espaço que tenho. Minha rotina não mudou. Acordo por volta das 7h, tomo café da manhã lendo notícias, lavo a louça, tomo banho, visto outfit “de trabalho” (que no meu caso tá liberado boné, chinelo e bermuda mesmo em dias normais).

A diferença é que volto pra mesma e única mesa que tenho em casa, que também serve para almoços e jantares. Preparo uma garrafa térmica de um bom café e coloco um som ambiente, de preferência sem sons vocais (essa playlist é ótima!). E o dia segue até a hora do almoço, quando paro pra cozinhar algo. Nesse momento, volto a transformar a mesa em um lugar agradável pra uma refeição, ou seja, nada de apenas empurrar o computador, celular e revistas para o canto. Tirando o isolamento social, tenho sentido vantagem em ficar em casa: rendo mais e tento finalizar tudo o que tenho o mais rápido possível. No escritório, normalmente enrolo mais. Mas é pra isso que servem também os escritórios, não é? Pra enrolar, jogar conversa fora e, consequentemente, encontrar insights e inspirações, algo que acaba rareando no dia a dia solitário de um home office.

Teve dificuldade para improvisar um local de trabalho em casa?

Ricardo: Não tive dificuldades. Tenho internet boa, um notebook potente e uma gata que me faz companhia 70% do tempo e docemente me atrapalha subindo no teclado e mordendo minhas canelas nos outros 30% restantes.

Como conseguir trabalhar em casa e manter a saúde mental em tempos de isolamento?

Ricardo: No que diz respeito à minha saúde mental (e física) preciso confessar: tenho dormido e me alimentado melhor nesses últimos dias. Sigo fazendo exercício quase que diariamente, e por estar cozinhando todos os dias, sei exatamente o que vai no meu prato, o que também é ótimo pra a minha saúde. Mesmo antes do auto isolamento, boa parte das reuniões eu fazia por telefone ou videoconferência, então pouco mudou, tirando que meus clientes agora também conhecem detalhes da minha casa e a cor da minha geladeira.

Como está reinventando seu negócio nesse momento? Qual o maior desafio que os pequenos empreendedores vão enfrentar agora?

Ricardo: Por enquanto nada mudou. Tenho projetos de conteúdo com marcas que continuam de pé e outros que estão começando. Não duvido se algo cair no meio do caminho, mas faz parte do jogo. Meu MAIOR desafio, no momento, é de que maneira abastecer o nosso site e Instagram com um conteúdo que não pareça leviano e irresponsável (dar dicas de viagens pra destinos solares e contar histórias de personagens que levam uma vida feliz não seria apropriado para o momento). De que maneira criar conteúdo que seja útil, que inspire, conforte e entretenha sem usar as palavras “quarentena”, “coronavírus”, “isolamento” e “pandemia”. Estou aceitando ajuda!

Faça o tour pelo apartamento inspirador do Ricardo.

Cynthia Gyuru, ilustradora e autônoma

Você tinha um ateliê fora de casa antes de mudar para seu novo apê. O que impulsionou a vontade de voltar a trabalhar home office quando trocou de endereço, em 2018?

Cynthia: Com filho pequeno, é normal trabalhar depois que a criança dorme, ou no fim de semana, então mesmo quando eu tinha um ateliê fora, acabava fazendo home office também. Como o apto novo tem mais espaço, resolvi trabalhar só em casa. Quando tinha o ateliê fora, meus materiais ficavam um pouco em cada lugar (casa e ateliê) e acho bem mais fácil agora, em que tudo está concentrado no mesmo ambiente. Acaba sendo mais produtivo.

Com essa questão da quarentena sua rotina de trabalho mudou muito?

Cynthia: Mudou, porque agora tenho marido e filho em casa o tempo todo também! Fica muito mais difícil trabalhar e me concentrar. Mas estamos conseguindo nos adaptar a esse novo momento e estipular as horas de trabalho e respeito de espaço.

Que dica você daria para quem agora está trabalhando em casa e precisa se adaptar a essa nova rotina?

Cynthia: O que sempre fiz no home office foi estipular uma rotina. Determinar horários para as atividades tanto domésticas, como profissionais. Sentar na mesa para fazer as refeições, por exemplo, e me vestir como se fosse sair de casa: coloco brincos, colares e pulseiras! Mas a quarentena é uma situação nova e apesar de tentar fazer tudo isso que já fazia, acho importante não ter tanta rigidez. Nesse momento, senti a necessidade de fazer atividade física todos os dias. É essencial para o meu humor e para a qualidade do meu sono. Então, às vezes, quando percebo passei o dia todo com a roupa de ginástica e tudo bem, sem crise! Ajuda muito fazer um cardápio da semana do que iremos cozinhar também, assim otimizamos as saídas para compras e agilizamos o dia a dia. E é bem importante ter hora para parar, porque o que acontece muito é a gente trabalhar mais quando faz home office.

Descubra todos os detalhes bacanas do apartamento da Cynthia!

E vocês? Estão trabalhando home office também? Se sim, contem pra gente como está sendo essa experiência!

.

Fotos por Registro de Dia a Dia; Leila Viegas e Nathalie Artaxo | acervo Histórias de Casa