Last Updated on: 15th maio 2021, 07:24 pm

Coisas pequenas da rotina tomam um ar mais leve quando vividas entre amigos. É nisso que os moradores dessa casa de vila acreditam. Pensando bem, Marco Túlio, Marden, Pamela e Daniel não compartilham apenas um endereço, mas sim a vida. “Dividir é ter a oportunidade de se conhecer melhor. Ver o que te incomoda e aceitar que isso pode ser mudado em você e não no outro é o início de um aprendizado constante. Fazer isto ao lado de amigos significa que este caminho pode ser muito mais agradável”, dizem. Nesse lar compartilhado repleto de histórias cruzadas, todas as escolhas giram em torno do bem-estar coletivo.

Foi também assim que eles decidiram quem ficaria em cada quarto. Antes da mudança, todos sentaram juntos para definir o que seria interessante para cada um: mais armários, mais espaço… “No final, Daniel e Pamela tiveram uma ótima sacada quanto à privacidade. Eles já são casados há mais de 7 anos e ter a edícula como quarto/casa acaba por manter reservado esse espaço entre o casal, mas ao mesmo tempo preservando a vivência de irmãos entre mim e o Marden”, Túlio explica.

O terraço da frente e o quintal da edícula são ligados por um corredor externo, e isso aumenta a sensação de privacidade do casal. “Mas, além disso, aprendemos que estas áreas da casa precisam ser ocupadas para terem um sentido mais profundo”, Daniel fala. O terraço na entrada é onde todos recebem os amigos e tomam um solzinho diário, enquanto o jardim dos fundos vira ponto de encontro durante a semana quando o jantar está no fogo ou quando o café fica pronto. Porcelana, a Border Collie de Túlio, também se esbalda com tanta área livre – ela sobe e desce as escadas sem parar, corre pela casa toda, toma sol, caça joaninhas e ainda fez amizade com os cachorros vizinhos.

O quarto de Pamela e Daniel realmente parece uma casinha dentro da casa. Ali as paredes têm menos informação, porque o acervo de obras e plantas do casal foi diluído pelos ambientes coletivos. “Acabamos achando interessante a ideia de viver por um tempo com um visual mais limpo”, contam. Além disso, os dois gostam bastante de criar seus próprios quadros, luminárias e vasos, então é bacana ter essa área livre como uma tela em branco que aos poucos será tomada. O banheiro, com telhas de vidro, plantas penduradas e pé-direito mais alto que o padrão, é uma ‘graça merecida’, como eles brincam: “No apê anterior, nosso banheiro não tinha ventilação ou luz natural. Era escuro e úmido. A única entrada de ar havia sido fechada por causa da quantidade de poeira de asfalto que subia da rua. Neste novo capítulo, temos luz natural e duas saídas de ar. Enquanto a ficha cai, fazemos o melhor para deixar esse cantinho com o astral que ele merece!”.

Na decoração do quarto de Marden, peças garimpadas pelos 4 amigos trazem uma boa mistura de estilos que ele adora. Tem um leque étnico na cabeceira da cama e na parede oposta um letreiro luminoso com um visual mais moderno; uma mesa de madeira de demolição muito rústica ao lado de uma bomba de gás industrial; um vitral comprado por Dani e Pam em um antiquário e outras relíquias. “O ponto alto é o vitral. Segundo eles, a peça finalmente encontrou um lugar à sua altura, pois até então ficava apoiado em uma parede branca no apartamento onde moravam. O ar kitsch que ele trouxe complementou o décor cheio de contrastes que eu amo”, explica.

O quarto de Túlio tem um clima diferente dos outros dois, com pegada mais étnica e uma cama com ares de tenda. “Por todos os lugares que passei o meu quarto sempre trazia um pouco mais de aconchego que os demais pontos da casa. Quando este ambiente se tornou meu, ele apareceu como um presente, pois ao passo que tinha uma boa metragem em si, ele trazia consigo um closet e uma varandinha. Em um primeiro momento, o closet me pareceu um sonho, mas rapidamente ele se mostrou como uma solução para um processo de mudança que vinha me acompanhando nos últimos tempos: o desafio de reestruturar o meu armário com o que realmente fosse essencial e desapegar. No meio de tudo isso, eu percebi que essa área do closet comportava uma cama e a partir daí nasceu meu quarto como é hoje. A ideia do conforto foi elevada a uma outra proporção. Olhando de fora, parece uma tenda dessas orientais, então para preservar este ambiente vieram as cortinas, e depois a decoração virou uma extensão do que se imaginava ser esse universo”, ele conta.

Peças trazidas de viagem, como objetos da índia, Indonésia e leste europeu, complementam a atmosfera do espaço e ainda remetem a boas lembranças – a manta na cama, por exemplo, é um item querido de Budapeste. O papel de parede da marca branco., instalado há pouco tempo, é outro xodó recente. “Quando encontrei o painel, pensei que ele pudesse ser o link entre a quantidade de plantas e o ar étnico que o quarto já imprimia por todos os seus elementos. O ambiente é outro após o painel. É como se ele tivesse unido todos os pontos e arrematado a assinatura do quarto”.

A convivência é o que torna a vida na casa tão especial. Os amigos comentam que é muito gostoso esperar o fim do dia, quando todos estarão juntos. Saber do outro, dividir a rotina e compartilhar um pouco da vida torna tudo mais interessante. Tanto que, desde a mudança, eles saem pouco de casa: a maior parte das refeições do final de semana são feitas em conjunto, assim como festinhas, reuniões, programas… “Tudo se tornou um motivo para estar cada vez mais aqui dentro. Além disso, os meninos são apaixonados pela Porcelana. Sabe quando o quebra-cabeça se encaixa direitinho? Pois bem, ele está se encaixando”, Túlio diz.

Fotos por Gisele Rampazzo