Last Updated on: 15th abril 2021, 03:32 pm
Uma casa e todas as memórias que ela guarda não podem ser resumidas de uma vez só, então por aqui fazemos diferente. Ao invés de concentrar todos os detalhes e fotos em uma única matéria, criamos pequenos capítulos para que você possa curtir essa visita durante vários dias. É só acompanhar a ordem pelo título dos posts e apreciar o passeio sem se preocupar com o relógio.
As paredes vivem em constante metamorfose no apartamento da galerista e produtora Julia. À frente da galeria 55SP, ela fez de seu lar uma extensão de seu trabalho – ou seria o contrário? Além das obras coloridas e instigantes que povoam todos os espaços, a decoração conta com móveis de estilo industrial, tubulação elétrica aparente, tons sóbrios e muitos objetos curiosos – como as coleções de globos de neve e de insetos empalhados. Urbano e original, o apê resgata memórias de outros tempos, como a época em que Julia viveu em Londres.
Mesmo antes da mudança, que aconteceu em 2008, a galerista já namorava o prédio antigo no centro de São Paulo. Com uma arquitetura diferente e uma fachada coberta por heras, a construção lhe chamava a atenção quando ela passava de carro por ali, por isso Julia sabia que esse apartamento era um grande achado. Amplo, com cozinha aberta e bastante iluminação natural, o imóvel tinha tudo para se tornar um lar interessante, porém foi necessário fazer alguns ajustes, já que a parte elétrica e hidráulica estavam pouco conservadas.
A reforma foi dividida em duas etapas. A primeira delas aconteceu quando Julia estava grávida dos gêmeos, Benjamim e Theodoro, hoje com 8 anos de idade, e se concentrou principalmente nos banheiros, totalmente reformulados. Já a segunda parte da obra teve como objetivo repensar toda a decoração, e esse processo ficou a cargo do Estúdio 20.87. “Juntos repensamos o mobiliário, as obras das paredes e com essa nova estética veio a necessidade de mudar a iluminação, que me incomodava muito. Para esta mudança eles usaram os canos aparentes, com este formato industrial”, a moradora explica.
O mobiliário foi todo escolhido junto ao 20.87 e mistura peças que são ícones, sempre prezando o design original, como as cadeiras pretas Panton da mesa de jantar, com itens mais populares – os caixotes de plástico para guardar os discos de vinil são um belo exemplo. “Os móveis são um mix de diversos momentos. Adoro as peças com portas de armário de ginásio, que também são design do Estúdio 20.87, e tenho um carinho especial pelo sofá Chesterfield, comprado no Brasil, mas que traz um gostinho de Londres e do quanto gosto daquele lugar onde vivi”, Julia diz.
“Sempre gostei de arte, desde muito jovem. Quando morava em Londres não cansava de ir aos museus, tinha sempre tanta exposição interessante, mas ao mesmo tempo as obras pareciam algo inacessível, então o máximo que podia era adquirir postais dessas exposições. Com o passar dos anos, fui entendendo mais e descobrindo que existiam formas de comprar peças de arte. Me encantei tanto com isso que criei a 55SP, com a premissa de oferecer arte acessível”. Muito apegada à seu acervo particular, Julia reconhece que cada uma das obras tem um valor sentimental, porém os atuais xodós são criações de John Baldessari e Edward Ruscha, dois artistas que ela admira muito, e uma nova obra de Hugo Frasa.
Em cada escolha, em cada cor e em cada quadro, a decoração representa o estilo de Julia. Ela nunca gostou de casas extremamente delicadas – aliás, sempre preferiu acabamentos mais pesados, como cimento queimado, e móveis cheios de personalidade. Segundo a moradora, hoje o apê reflete ainda mais esse traço e também a presença de seus filhos: “Os meninos sempre respeitaram a decoração do jeito que foi. Nunca escondi os enfeites, nem mesmo a coleção de globos de neve. Eles são parte da história do apartamento, se sentem à vontade e participam em todos os cômodos”, ela completa.
Deu vontade de conhecer os outros espaços do apartamento? Então não perca o Capítulo 2, é só clicar abaixo para ver.
Fotos por Alessandro Guimarães
Vou parecer chata, diante das possibilidades de apreciação dos ambientes etc., mas me chamou especial atenção a almofada com estampa de metralhadora. Uma sensação estranha que bloqueou meu olhar.