Last Updated on: 27th outubro 2025, 07:27 pm
Em outubro de 2025, o Histórias de Casa iniciou uma nova fase que vinha sendo idealizada há tempos, mas agora chegou de vez para todos que nos acompanham: depois de muitos anos visitando casas incríveis em São Paulo, finalmente surgiu a oportunidade de viajarmos Brasil adentro registrando as tantas formas de morar que existem em nosso país. A ideia é visitar todas as cinco regiões brasileiras, mostrando as características de cada uma delas.
Nosso primeiro destino foi o Norte, onde conhecemos não só a cidade de Belém, no Pará, mas também a Ilha do Marajó – um lugar inesquecível e com uma cultura riquíssima. As casas que visitamos já estão aqui no blog e em nosso perfil no Instagram, vale conferir.
Antes de tudo, vale dizer que, apesar de ser uma ilha, a região é muito extensa: Marajó é considerada a maior ilha fluviomarítima do planeta, com mais de 40 mil km². Entre tanta imensidão, nosso passeio se restringiu a Soure, cidade que é uma espécie de porta de entrada do arquipélago.
Localizada às margens do rio Paracauari, Soure é conhecida por reunir o melhor de dois mundos — o charme de uma cidade pequena e a grandiosidade da paisagem amazônica ao redor. Ali, a vida ribeirinha é marcada por uma conexão muito próxima com os ciclos da natureza, em especial o ritmo das marés, que muda conforme as estações. Inclusive, as casas mais expostas às águas são feitas de madeira e elevadas do solo, justamente para se proteger dos momentos de cheia.




Para chegar à Ilha do Marajó, é necessário pegar uma embarcação em Belém, partindo do Terminal Hidroviário Luiz Rebelo Neto. O trajeto dura cerca de duas horas e meia, atravessando a Baía do Marajó.
Por lá, o clima é equatorial úmido, com temperaturas elevadas e chuvas abundantes ao longo do ano. Acabam sendo apenas duas estações bem definidas – a chuvosa e a seca. A fauna também impressiona: é impossível falar da Ilha do Marajó sem mencionar os guarás, um tipo de pássaro que adquire sua coloração vibrante de vermelho ao comer os caranguejos da ilha. Já os búfalos são a marca registrada da região, e a criação deles é uma das principais atividades econômicas dos moradores. Não por acaso, uma das iguarias da ilha é o queijo do Marajó, produzido com leite de búfala.
Praia de Caju-Una
Para chegar até a praia de Caju-Una, uma das paisagens mais lindas da Ilha do Marajó, é preciso ir de carro por um caminho de terra, passando por fazendas e campos de búfalos.
A praia é marcada pelo encontro entre o Oceano Atlântico e um afluente do rio Amazonas. Em sua larga faixa de areia, formam-se piscinas naturais durante a maré baixa. Já na maré alta, as águas invadem os campos e criam uma paisagem à parte. O cenário se torna mais colorido com os barquinhos ancorados por ali.









Vila do Céu
Outra parte imperdível de Soure — ainda mais para quem, assim como nós, é apaixonado por arquitetura — é a Vila do Céu. Pequena e cercada pela natureza, ela abriga uma comunidade ribeirinha e é conhecida por suas casas coloridas de madeira.
Como mencionamos, as casas são construídas de forma elevada do solo para fugir da maré cheia, e cada uma se diferencia das outras pelas cores das fachadas, que são constantemente renovadas devido ao desbotamento causado pelo clima quente e úmido. Outro elemento característico das casas são os detalhes de madeira que ornamentam cada construção, chamados de ‘caqueados’ e produzidos por carpinteiros locais.










Arte Marajoara
A arte do Marajó surgiu com os povos indígenas muito antes da colonização portuguesa e perdura até hoje como um símbolo de resistência e identidade local. Suas cerâmicas são conhecidas pelas formas e padronagens geométricas, que trazem representações da fauna, da fertilidade e dos ciclos da natureza. Durante nossa visita, tivemos a oportunidade de conhecer o Ponto de Cultura Coletivo Arte Mangue Marajó, um espaço que mantém viva essa tradição e promove a formação de novos artistas locais, criando peças artesanais com matéria-prima da própria região. Os grafismos marajoaras também aparecem de outras maneiras por Soure, como no desenho de fachadas.










Texto por Yasmin Toledo | Fotos por Leila Viegas

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