Last Updated on: 15th fevereiro 2021, 04:25 pm

É difícil escolher qual seria a melhor parte do apartamento do diretor de arte Otávio, da artista plástica Luísa e do designer de objetos Pedro, no bairro de Campos Elíseos. Do lado de dentro, a decoração e a dinâmica da casa se desdobram em muita criatividade, enquanto do lado de fora, o centro de São Paulo os presenteia com uma paisagem urbana e tanto. Mas há um espaço em que tudo isso se mistura e é possível aproveitar esses dois mundos em grande estilo: na sala de jantar, as portas de vidro deixam o sol entrar livremente e conectam os moradores com a varanda e com todo o horizonte entre prédios e céu.Somos realmente sortudos por ter a oportunidade de viver assim em São Paulo. No entorno do nosso apartamento podemos observar realidades muito heterogêneas. Daqui enxergamos desde vilinhas antigas, onde alguns senhores moram há mais de 60 anos, até edifícios comerciais espelhados, pensões e prédios decadentes que têm atraído jovens pelo custo-benefício dos imóveis amplos”, Pedro conta.

Pelos cômodos, os três moradores interagem com os espaços de maneiras distintas e complementares: Otávio tem habilidades mais voltadas à cozinha e à churrasqueira; Pedro frequenta mais as áreas externas, como as espreguiçadeiras ao sol; e Luísa é mais ligada aos lugares de acolhimento e conforto, como a poltrona felpuda na sala de estar. Ainda assim, todos aproveitam o apê por completo e em cada canto há vestígios de suas personalidades, seja por meio de garimpos, de peças do Estúdio Orth — do qual Pedro é um dos fundadores — ou obras de arte assinadas por Luísa, como as pinturas de mãos na sala de jantar. “Desde o início tínhamos em mente ter uma obra da Luísa que tivesse um tamanho mais exagerado”, eles lembram. Como a artista plástica sempre teve o hábito de desenhar mãos e os três compartilham um interesse comum por imagens anatômicas e suas diversas interpretações, as pinturas não poderiam fazer mais sentido na casa.

No dia a dia, a sala de jantar é muito utilizada como escritório e mesa de trabalhos manuais, mas nas horas vagas, os moradores gostam de acender velas e reunir amigos ali. Já na varanda, com o piso antigo coberto por seixos de rio, o trio aproveita para curtir os dias de sol, além de se reunir para momentos especiais diversos: “Na sacada, tomamos cafés da manhã quando possível, acendemos eventualmente uma pequena churrasqueira portátil, tentamos fazer alguns exercícios físicos e esticamos a rede”, eles contam. Há também o plano de aproveitar o espaço ensolarado e ao ar livre para ampliar suas espécies de plantas, mas os amigos brincam que a jardinagem não é a principal habilidade da casa, por isso a ideia ainda não foi colocada em execução.

Com tantos espaços para curtirem a casa e estarem juntos, os quartos cumprem a função de serem lugares pacíficos e de descanso, sem muitos itens para evitar que a bagunça se forme. “Temos primordialmente uma opção de luz baixa e alguns móveis de apoio para as coisas essenciais. Também gostamos muito de ter uma poltrona para nos calçarmos e poder deixar algumas coisas sem preocupação”, contam os moradores. Tanto no quarto compartilhado por Pedro e Otávio, quanto no de Luísa, o clima é de calmaria, com texturas aconchegantes e poucas cores.

Para Pedro, Otávio e Luísa, não há dúvidas de que a casa se tornou um local de identificação, experimentações criativas e muito aconchego em boas companhias. Pelos espaços, diversas histórias e objetos constroem novas memórias a cada dia e deixam o apê ainda mais especial, mas é no convívio que eles percebem que criaram um lar, com trocas diárias e bastante apoio mútuo: “Somos como uma família voluntariamente construída”, eles dizem.

Texto por Yasmin Toledo | Fotos por Maura Mello