Last Updated on: 15th fevereiro 2021, 04:26 pm

Você consegue imaginar o que aconteceria se um designer de objetos, uma artista plástica e um diretor de arte resolvessem transformar um apartamento antigo e amplo, mas um tanto quanto detonado, em uma morada dos sonhos? Foi exatamente isso o que aconteceu na casa do Pedro, da Luísa e do Otávio, três mentes criativas que, há pouco mais de um ano, resolveram dividir o mesmo teto. “Queríamos um apartamento com janelas grandes, com o mínimo de intervenções, e, se possível, com uma sala ampla para fazermos bastante bagunça. Tínhamos o sonho de ter um espaço para tomar sol, idealmente no último andar, mas tínhamos plena consciência de que isso seria quase impossível pelo valor que estávamos dispostos a pagar”, eles contam. Foi assim que os três passaram um mês inteiro visitando muitos apês de todos os tipos até, enfim, darem uma chance para um anúncio com fotos nada convidativas que acabou revelando um enorme potencial. Quem diria que essa escolha seria tão acertada?

Quando viram o apartamento pela primeira vez, ele estava inteiro pintado de verde, com marcas dos quadros antigos nas paredes, algumas partes com texturas de gesso, persianas destruídas e o piso da sala parecia de banheiro. Isso seria o suficiente para que muitas pessoas desistissem do espaço, mas com 240m² e todos os requisitos que eles imaginavam, os três enxergaram a oportunidade de fazer uma bela transformação e criar a casa que tanto queriam. “Nós basicamente removemos tudo o que foi possível, pintamos de branco e aplicamos um autonivelante com pintura de poliuretano no piso. Feito isso, os elementos originais puderam ser vistos de outra maneira e valorizados”, eles recordam.

A história desse trio de amigos começou bem antes da data em que eles se mudaram para a mesma casa. Na verdade, o designer Pedro e a artista Luísa se conhecem desde a infância, quando viviam em Brasília, mas seus destinos se cruzaram novamente em São Paulo, onde passaram a estar sempre juntos. Paralelamente, Pedro e o diretor de arte Otávio já namoravam há três anos, então foi natural que os três se aproximassem tanto a ponto de resolver morar juntos. Como todos já possuíam itens interessantes e afetivos, o plano foi decorar de maneira harmônica combinando esses elementos. Além disso, Pedro é um dos fundadores do Estúdio Orth, que desenvolve móveis de estética brutalista, então muitos protótipos e peças autorais acabaram encontrando morada ali, como as luminárias.

Entre os pertences dos três moradores, o clima da casa revela os interesses e a história de cada um, por isso alguns itens merecem destaque, como, por exemplo, a gravura do avô de Luísa, Glênio Bianchetti, que foi um artista importante na história de Brasília e da UNB, ou até mesmo a pedra de cerca de 40kg que Otávio e Pedro pegaram com muito esforço em uma praia no começo do namoro. O resultado dessa mistura é um ambiente com jeito de sonho que faz uso de objetos surreais, materiais brutos, referências ao corpo humano e formatos que remetem a visões antigas do futurismo ou símbolos de boa sorte nas mais diferentes culturas.

Na cozinha, a decoração mescla elementos de laboratório com artesanatos e texturas naturais, mas o destaque do espaço é um grande mapa do Brasil, garimpado por Otávio já com diversas marcações de alfinetes, que geram especulações diárias entre as refeições. “A cozinha é onde temos o primeiro contato de manhã antes de começar o dia”, eles lembram. Mas é no decorrer das horas que o cômodo vai ganhando ainda mais aromas e sabores, pois, além de diretor de arte, Otávio é formado em gastronomia e sabe transformar qualquer refeição em um verdadeiro banquete. “Como ele cozinha muito bem, eu e Luísa passamos um bom tempo beliscando tudo o que ele faz”, Pedro brinca.

Nos últimos meses, ficando mais tempo em casa, Pedro, Otávio e Luísa puderam aproveitar o espaço de todas as maneiras possíveis, mas, sem dúvidas, a sala acaba sendo o ponto de maior interação, onde se divertem ao redor da mesa de centro, na companhia uns dos outros e do cachorro Mauí: “Durante a quarentena tivemos várias fases de ocupar a casa das maneiras mais diversas: montamos um cenário de cozinha na sala de jantar para gravar alguns programas de culinária onde o Otávio ensina receitas maravilhosas; houve um momento em que todos nós tivemos Covid-19 e montamos uma grande cama na sala, onde projetamos alguns filmes e séries em um lençol; houveram dias em que criamos circuitos de exercícios físicos usando os nossos objetos pesados como halteres e outros em que montamos uma churrasqueira na varanda para nos divertirmos entre nós mesmos”. Com essa nova vivência, o apartamento, que já era interessantíssimo, se mostrou ainda mais versátil. * Não deixe de conferir o restante do apê no Capítulo 2! Está imperdível…

Texto por Yasmin Toledo | Fotos por Maura Mello

Continua no Capítulo 2