Last Updated on: 15th fevereiro 2021, 06:56 pm

Uma casa e todas as memórias que ela guarda não podem ser resumidas de uma vez só, então por aqui fazemos diferente. Ao invés de concentrar todos os detalhes e fotos em uma única matéria, criamos pequenos capítulos para que você possa curtir essa visita durante vários dias. É só acompanhar a ordem pelo título dos posts e apreciar o passeio sem se preocupar com o relógio.

Nem sempre a realidade supera as expectativas, mas nessa história podemos dizer que o sonho da Fernanda e do Marcel se realizou exatamente do jeito que eles imaginaram. Para começar, o casal vive em Trancoso – um dos lugarejos mais charmosos da Bahia. “Costumamos dizer que Trancoso é uma esquina do mundo: reúne pessoas muito interessantes e de várias partes do planeta. Não tem como chegar no Quadrado e não sentir sua energia única. Sem contar no clima agradável, aqui é verão o ano inteiro!”, Fernanda brinca.

Foi essa energia tão especial que a conquistou anos atrás quando ela chegou de São Paulo e pisou nas areias de Trancoso pela primeira vez. Na época, Fernanda estava com tudo pronto para passar uma temporada morando nos Estados Unidos, porém ela ainda não sabia as surpresas que o destino havia reservado para seu futuro. A principal delas foi conhecer Marcel, quase por acaso. E aí de repente tudo mudou.

Marcel nasceu em Trancoso mesmo, mas chegou a morar em outros países para estudar design e permacultura, dois assuntos que sempre o interessaram. “Em nosso primeiro encontro, contei à Fernanda sobre o meu sonho de infância de construir uma casa de bambu e cultivar minha própria comida. E convidei-a a participar deste sonho. Foi como se tivéssemos a sensação de já estar vivendo tudo aquilo”, ele lembra. Agora, com a casa enfim construída e novos planos no horizonte, o casal compartilha essa experiência de viver de forma mais sustentável recebendo hóspedes na Villa Se7e.

“Eu cresci fissurado por sustentabilidade, criando soluções e implantando ações do tipo no negócio da minha família. Quando me formei permacultor, tive acesso a ideias inovadoras que geraram insights importantes para meus planos futuros. A Fernanda simpatizou com esse estilo de vida consciente e essa virou nossa rotina”, Marcel explica. Ao planejar a casa, o casal percebeu que, para construir no padrão que queria, ela teria que se pagar a longo prazo, então eles montaram um master plan contemplando essa vontade de viver de maneira sustentável, produzir alimentos orgânicos e propor soluções para os impactos que geram. “Decidimos que gostaríamos de compartilhar esse estilo de vida com outras pessoas, para servir de exemplo sobre como podemos viver de forma sustentável. Afinal, não é um bicho de sete cabeças”, eles falam.

Esse conceito permeia cada detalhe do LOFT BAMBU, como eles chamam a casa: desde a gestão de resíduos da obra, uma vez que tudo foi reutilizado na própria construção, até a escolha dos materiais, incluindo bambu, barro e madeira de demolição. Isso sem contar as soluções que resolvem demandas cotidianas, como a fossa de evapotranspiração, o sistema de climatização natural, a captação de água da chuva, o aquecimento solar, a produção orgânica de alimentos e a compostagem. 

Além de tudo isso, os moradores queriam que a construção tivesse um visual ousado e único, e Marcel sabia que nesse caso só existia uma pessoa capaz de executar a obra: o Nei, um gênio autodidata que ele conhece desde criança. “Eu cresci no meio de suas engenhocas durante a construção da pousada dos meus pais. Neste período, ele prometeu que construiria minha casa um dia, então quando esse dia chegou fui cobrar a promessa. Ele já havia se aposentado, mas concordou em cumpri-la. Levei o Nei para Visconde de Mauá para fazermos um curso juntos sobre bambu e nos aproximarmos do material que seria protagonista nesse projeto. Durante o curso, em uma das noites eu peguei meu caderninho e fiz um desenho que é praticamente uma foto da fachada da casa pronta hoje. Eu já tinha muitas decisões tomadas em relação à sistemas, elementos e formas, mas esse desenho foi a primeira concepção visual do que seria enfim nossa casa”, Marcel lembra.

Com tanta coisa em jogo, era natural que Marcel se envolvesse em cada mínimo detalhe da casa. E para ele essa missão de encontrar a melhor solução para cada situação foi uma das partes mais divertidas do projeto. Cada ideia segue algumas premissas, como ser sustentável, ser funcional e manter a identidade estética que ele havia imaginado: um design minimal com elementos rústicos como o bambu, a madeira de demolição, o cobre e até cocos da região… “Praticamente tudo na casa foi projetado e customizado especialmente para ela, desenvolvemos móveis, torneiras, trincos, cama, cubas de pia…”, ele conta.

Como a arquitetura da casa já é bem peculiar e impactante visualmente, o casal preferiu ter cautela na decoração e não pecar pelo excesso, mantendo os ambientes mais limpos e apenas com o essencial. Fernanda diz que essa etapa foi muito orgânica: “Buscamos objetos que fizessem sentido e no contexto do que acreditamos. Peças originais feitas por artesãos locais, com materiais naturais e de inclusão social. Adoramos garimpar artes autênticas em nossas viagens pelo interior da Bahia também. E vários itens foram desenhados pelo Marcel em parceria com artistas locais, como a cuba de cerâmica esmaltada criada por nosso amigo João Calazans”.

Criar uma casa tão especial do zero foi um desafio e tanto, mas isso só reforçou as crenças do casal. “Todas as etapas eram um universo desconhecido. Conforme íamos avançando, achávamos as soluções para cada detalhe. É difícil explicar o quanto aprendemos, pois vivenciamos isso tudo em vários níveis durante o processo. Mas como lição de vida aprendemos que temos que acreditar nos nossos sonhos e somente plantando é que se colhe!”, eles falam. E agora os planos continuam: a ideia de Marcel e Fernanda é expandir o conceito do LOFT BAMBU para outras construções no mesmo terreno – e assim nasce a Villa Se7e.

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Fotos por Maura Mello

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