Last Updated on: 18th fevereiro 2021, 01:45 pm

No bairro da República, mais precisamente no Edifício Copan, o lar da executiva Adriana e do diretor de filmes André mais parece uma pausa no ritmo apressado da cidade de São Paulo. Lá, os dias começam com a prática de yoga e as plantas povoam vasos, estantes e cômodos por toda a casa. Para eles, a vida no centro apresenta algumas peculiaridades a serem valorizadas: 

“Viver aqui pode ser opressor em vários aspectos: é caótico e cinza. Mas é real, é verdadeiro e pulsante. A gente vê muita beleza nessa parte da cidade que carrega tanta alma e história. Gostamos de viver em um lugar não-asséptico e não-perfeito e que nos mantenha conectados com o mundo real, com as pessoas reais, e que embora possamos reconhecer nossos privilégios, não nos distanciemos de uma visão mais plural da vida”, o casal diz.

Em seu lar, a presença tão forte do verde é justamente uma resposta ao cenário ultra-urbano onde moram. Adriana conta que o espaço para as plantas era um dos pontos principais do briefing passado aos arquitetos do escritório Felipe Hess na época da reforma, e foi dessa demanda que surgiu o jardim suspenso que o casal tanto ama. No dia a dia, André é o jardineiro fiel, mas para ambos cuidar de suas espécies representa um ato de ternura e conexão, mantendo a ligação com a natureza e sua energia.

Na cozinha, tudo foi pensado para que muitas pessoas pudessem estar juntas na hora do preparo de refeições. Como a mudança para o apê convergiu com o momento em que a moradora revia seus hábitos alimentares, optando pelo veganismo, o cômodo foi palco para vários experimentos e reflexões: “Eu nunca fui de cozinhar, mas desde que limitei minha alimentação à origem vegetal, tive que experimentar bastante. Essa cozinha acolheu todas essas aventuras e também as de amigos mais talentosos que eu”, Adriana brinca.

No ambiente, um grande balcão de concreto funciona como uma mesa sem pernas, com superfície suficiente para muita comida e muita gente ao redor. Há também a estante, que ocupa uma parede toda com diversos itens pessoais: “São prateleiras decoradas de um jeito free style, que acomodam um monte de coisa sobre a gente e sobre quem amamos. Todo tipo de besteira, cafonice, livros, plantas e artes. Na estante pode quase tudo, até bonequinho de bolo de casamento”, o casal brinca.

Para Adriana e André, as sensações de pertencimento e acolhimento são determinantes na forma de viver o lar, fazendo com que queiram estar e passar tempo ali: “Você só consegue encontrar isso em uma relação de verdade com o espaço. Parece que tudo acontece organicamente quando se vive de forma honesta com o lugar e com as relações que se constroem nele”.

Fotos por Rafaela Paoli, do Estúdio Pulpo