Last Updated on: 16th agosto 2021, 05:57 pm

Para o stylist e consultor criativo dinamarquês Peter Ødegaard, a decisão de morar em Lisboa durante parte do ano provocou não apenas uma mudança na rotina, mas também uma transformação profissional. Quando vivia na Suécia, Peter tinha uma consolidada carreira como artista floral e sua agenda não parava um segundo: ele criava arranjos para a família real e celebridades, produzia livros, comandava uma loja de flores e ainda uma escola de arranjos. Após 20 anos realizando esse trabalho, Peter chegou ao limite e resolveu mudar de ares.

“Eu penso que devemos nos permitir dar um tempo para encontrar paz em nossa vida cotidiana. Hoje em dia eu auxilio empresas e pessoas que buscam familiarizar-se com Lisboa. Junto com duas amigas portuguesas, Sofia e Ines, criamos o Llotllot – um serviço que envolve workshops, eventos e hospedagens na cidade”, ele explica.

O apartamento de Peter e de seu marido, o dentista Johan Drejer, funciona como um grande ponto de encontro, às vezes servindo de estúdio, e em outras ocasiões de locação para hospedagem de clientes. É também o lugar onde o casal acomoda familiares e amigos com frequência, então seu lar já tem uma vocação para receber e une bem esses dois universos: morar e trabalhar. Em uma das varandas, Peter montou um pequeno escritório e ateliê de flores, onde mantém uma coleção de referências e moodboards que estão sempre mudando.

O banheiro é um dos ambientes favoritos do casal, e não é difícil de entender o porquê. Além de ser bem espaçoso, o cômodo tem uma grande janela que se abre para o verde. Peter conta que a luz reflete nos azulejos clarinhos e torna cada hora do dia muito especial. Na arquitetura, detalhes originais da construção foram preservados mesmo após a reforma, como a porta dupla de madeira e vidro ou a moldura de gesso no teto. O piso de ladrilhos hidráulicos geométricos e as louças novas ajudam a modernizar a decoração na dose certa.

No quarto do casal, peças de diferentes épocas se encontram em harmonia. Todos os elementos têm alguma história interessante por trás, como Peter lembra: “É um mix de antiguidades. A mesa de apostas perto da janela veio de um bar e agora serve como uma escrivaninha; os tapetes vintage foram comprados no mercado de pulgas Feira da Ladra; a cadeira Thonet garimpamos com um engraxate na rua; e a obra de arte é do dinamarquês Bjørn Wiinblad, porém foi comprada aqui em Lisboa mesmo”.

Peter já não trabalha mais como artista floral, porém seu olhar continua sendo atraído pelo verde sempre que possível. Ele diz que os lugares mais interessantes que já conheceu pelo mundo são parques, jardins e casas de artistas, como a propriedade Charleston, na Inglaterra; a Casa Luis Barragán, na Cidade do México; e o Instituto Moreira Salles, no Rio de Janeiro. De alguma forma, ainda que subjetiva, essas inspirações colecionadas ao longo da vida acabam se espelhando no apartamento do casal. As cores, o jogo de luz e sombra, os bons vinhos, a música, as flores frescas sempre presentes… cada um desses detalhes transforma a casa e a rotina em um universo muito mais prazeroso.

Fotos por Alessandro Guimarães