Last Updated on: 24th fevereiro 2021, 06:31 pm

Entrar no apartamento do fotógrafo e pesquisador Pedro e da artista têxtil e cientista social Telma é como mergulhar na sensibilidade do casal. Seus gostos, histórias, memórias e individualidades estão todos ali, impressos na decoração, na disposição dos cômodos, na rotina e nos hábitos diários: as paredes tomadas por obras indicam o interesse pela arte latino-americana; o jardim espaçoso reflete o valor da natureza; a área social permite que os amigos estejam por perto e até baguncinhas aqui ou ali são sinais de bom uso, afinal, a casa está sempre viva e é também ateliê para as criações da moradora.

“Nós somos muito alinhados em nossos valores, e isso também se expressa nas convergências de nossos gostos”, conta o casal. Para eles, a casa é importante tanto para momentos reflexivos quanto para o social, por isso desde o projeto de reforma seus modos de vida foram impressos pelos ambientes de forma cuidadosa e pessoal. Como exemplo, o prazer em receber visitas determinou que, na cozinha, uma bancada ajudaria a priorizar momentos intimistas entre amigos em volta do fogão.

“A cozinha foi pensada como núcleo central da casa porque ambos adoramos cozinhar. Como é um apartamento térreo, a luz chega fraquinha ali, então um detalhe importante foi pintar o ambiente de cores claras. Também gostamos muito de ter os utensílios e livros à mão, sejam pendurados, em potes, ou nas prateleiras”, Pedro diz. O ralador de mandioca que fica na entrada do cômodo é uma peça especial para o casal, pois tem origem indígena dos povos Tukano e simboliza suas raízes e o respeito aos ingredientes que usam.

Na reforma, os ambientes ficaram mais integrados e os dois dormitórios da casa foram transformados em suítes por meio da eliminação de um corredor. Em seu quarto, o casal criou um jardim de inverno que traz a natureza até para o cantinho mais íntimo e pessoal. Na decoração, o foco são as texturas: o contraste entre o concreto, o tijolo e a maciez da colcha sobre a cama. No banheiro, os ladrilhos hidráulicos, a banheira e a grande janela para o jardim criam o clima de interior, uma sensação de “banho no mato”, como dizem Telma e Pedro.

Para ambos, suas trajetórias profissionais – sempre alinhadas a uma formação cultural – ajudaram a construir o repertório estético que desejavam para o lar, com itens de arte, fotos de viagens e móveis sempre trocando de disposições. Mas o valor desse lar está claro não só por sua beleza: “A casa precisa produzir acolhimento, energizar e servir de suporte para sonharmos. Nosso apartamento dispõe bem nossa memorabilia e nos permite ficar sempre em contato com nossas histórias, o que acaba sendo um convite para nos conectarmos internamente. Além disso, temos o espaço que precisamos para expressar individualidades e interesses, juntos ou separados”, o casal fala.

Fotos por Gisele Rampazzo