Last Updated on: 26th maio 2021, 01:52 pm

66 m² de muitas plantas, quadros e detalhes espalhados por móveis, paredes e prateleiras. Assim é o apartamento do casal de empreendedores formado pelo jornalista Marcelo e pela arquiteta Andréia, que comandam juntos o bar Armazém Garnizé, no Largo Padre Péricles. Os dois endereços – apê e serviço – ficam no bairro da Barra Funda, entre a zona oeste e a região central de São Paulo. Por ali, os moradores dividem seu tempo entre casa, passeios e trabalho, com o privilégio de ter tudo a poucos metros de distância.

“Em um raio de menos de 2 km, temos o Memorial da América Latina, a Pinacoteca, a Sala São Paulo, o Museu do Futebol… além de diversos espaços de lazer, como o Parque da Água Branca e o próprio Minhocão, para onde temos uma vista privilegiada da janela da cozinha”, conta Marcelo. Na verdade, o jornalista morou por 14 anos na Vila Madalena, mas sentiu a necessidade de se mudar em 2015, quando trabalhava no aeroporto de Guarulhos e queria facilitar seu trajeto diário. Foi ainda no antigo emprego que ele conheceu a Andréia, e os dois passaram a viver juntos em outro endereço antes de ocuparem o apartamento atual, no início de 2017.

A mudança não se deu sem que antes houvesse uma reforma para adaptar o apê às demandas do casal. “Um consenso entre nós era derrubar todas as paredes internas e alargar as passagens entre a sala, o quarto e a cozinha, dando a impressão de um espaço maior do que realmente é. Por ser um imóvel antigo, com mais de 60 anos, também acabamos mexendo bastante nas redes elétrica e hidráulica”, Andréia explica. Além disso, o banheiro e a cozinha foram totalmente reformados; o piso, alterado; e até mesmo uma sacada foi eliminada para aumentar as dimensões da sala de estar.

A escolha por uma casa aberta acabou potencializando ainda mais o que já se caracterizava como o diferencial do espaço: a iluminação natural. “De manhã, temos o sol entrando pela cozinha, e, depois do meio-dia até o fim da tarde, temos luz na sala e no quarto”, o casal diz. Além dos moradores, as plantas são as grandes beneficiadas por essa vantagem, e Andréia aproveita para povoar o ambiente com muitos vasos e espécies. Pela quantidade, Marcelo chega a brincar que o que possuem é, na verdade, um trecho da Mata Atlântica. Piadas à parte, nenhum dos dois abre mão do sentimento de vida que atribuem ao verde ali presente, tirando a aridez do lugar e reforçando o conforto.

Na decoração, não é difícil perceber que Marcelo e Andréia são do tipo que adoram um garimpo. Para a arquiteta, não são raras as ocasiões como a de sair para tomar uma cerveja e voltar para casa com molduras debaixo do braço. Foi assim, aliás, que ela adquiriu uma das obras do apê, assinada por Renato Larini. Outros tesouros estão entre os preferidos do casal, como as latinhas de atum pintadas pelo amigo Marlos Lima e as matrioskas dos presidentes russos, compradas em uma viagem pela Europa. Para eles não existe regra na hora de escolher itens para o lar. “Tem muito aquela coisa de amor à primeira vista, de botar o olho e querer levar, desde que caiba no bolso, é claro. Mas vai do momento. Temos, por exemplo, diversas peças que nos marcam nas viagens ou representam uma cultura local”, lembram.

Para o casal, aconchego é uma boa definição de como se sentem em relação ao lar, com todos os significados que a palavra pode carregar, como conforto, prazer, identidade e até saudade (do apê ou de outros lugares aos quais suas peças remetem). Segundo Andreia, todos os detalhes estão incluídos no pacote, desde o mobiliário até as xícaras de café. “O lar é o local onde uma pessoa, independente de onde esteja, pode falar de boca cheia aquele eterno clichê: Eu só queria estar em casa agora”.

Fotos por Gisele Rampazzo