Last Updated on: 15th maio 2021, 06:38 pm

Uma casa e todas as memórias que ela guarda não podem ser resumidas de uma vez só, então por aqui fazemos diferente. Ao invés de concentrar todos os detalhes e fotos em uma única matéria, criamos pequenos capítulos para que você possa curtir essa visita durante vários dias. É só acompanhar a ordem pelo título dos posts e apreciar o passeio sem se preocupar com o relógio.

Trocar de endereço pode ser uma aventura e tanto. Além daquele clima de novidade, é uma oportunidade bacana para fazer algo diferente e criar um espaço mais alinhado com nossas mudanças de estilo e de personalidade. Foi exatamente isso o que aconteceu com a publicitária Marina Jaeger, filha do designer Fernando Jaeger: ela nem pensava em sair de seu antigo apartamento, mas quando a chance surgiu, não desperdiçou. “Eu adorava meu antigo apê. Achava que ele me representava bastante, mas eu tinha comprado ele pronto, e só fiz algumas mudanças rápidas, nenhuma obra. Agora, pude começar algo do zero”, ela explica.

A oportunidade de montar uma casa totalmente nova levou Marina a pesquisar ideias, referências e materiais, e foi aí que ela percebeu que seu estilo já não era o mesmo de alguns anos atrás. Ela continuava querendo uma área social ampla e bem aberta, pois adora receber e deixar todos à vontade, mas por um lado as cores e os acabamentos que a interessam mudaram bastante. Se no antigo apartamento a decoração era bem colorida e cheia de coisinhas misturadas sem muita regra, nesse novo endereço a cor que predomina é o branco – cercado por peças de madeira clara, paredes de concreto e outras texturas naturais. Sua ideia era criar uma casa com tons mais calmos, onde seus objetos e móveis ganhassem destaque, e também porque uma base neutra permite que se mude mais facilmente a decoração.

O imóvel em si contribuiu para a criação desse lar sob medida. O prédio foi construído pelo pai de uma amiga de Marina, e nas primeiras unidades a construtora foi bem flexível, então ela pôde adaptar a planta e colocar os acabamentos que queria desde o princípio. A moradora diz que a escolha do arquiteto também foi fundamental para que seu sonho saísse do papel: “Queria um arquiteto detalhista, com um estilo mais nórdico. Comecei a busca para ver projetos que estivessem ligados ao que eu imaginava, e vários do Felipe Hess tinham elementos que me atraíam”, conta. Como já houve essa identificação imediata, foi fácil colocar as ideias em prática na hora da reforma.

A sala é a estrela do apartamento. Ampla e iluminada, ela fica entre duas varandas: uma com churrasqueira e muitas plantas, e outra transformada em sala de jantar. Como o apê está no terceiro andar, as árvores do prédio acabam fazendo parte da vista e reforçam o clima de aconchego. O piso claro foi uma escolha de Marina, e a sugestão dos arquitetos era usar dois elementos principais para complementá-lo – a marcenaria em nogueira clareada e as paredes estruturais de concreto descascadas na obra. O cimento também aparece no projeto, tanto no rack da televisão quanto no banco suspenso da sala de jantar.

Por ser filha do designer Fernando Jaeger e da arquiteta Yáskara Jaeger, Marina vive rodeada de móveis incríveis e pôde escolher suas peças favoritas para montar o apartamento. Além disso, ela alugou seu antigo apê todo mobiliado para um casal de amigos, então de qualquer forma precisaria de novos itens. “Os móveis que eu sabia desde o início que gostaria de ter eram a Mesa Paralelo, feita especialmente em madeira tauari para a sala de jantar; a Poltrona Theo, de couro natural que vai acumulando marcas do tempo; e o Sofá Nando, bonito de todos os ângulos, modular e com detalhes em madeira na parte de trás, o que o torna ótimo para ser usado solto, como no caso da minha sala”, ela diz. Marina completou a seleção com mais criações de seu pai, além de algumas peças de outros designers brasileiros, como as luminárias de Ana Neute e as poltronas FDC1 de Flávio de Carvalho.

Quanto aos objetos de decoração, Marina trouxe tudo o que tinha no antigo endereço e foi redistribuindo as coisas no novo espaço. Eles podem ser vistos de outra forma, talvez, mas estão pela casa. Na primeira reunião com os arquitetos, eles perguntaram à moradora o que ela gostaria de trazer do apê antigo, e a resposta incluía essa coleção de objetos. Assim surgiu a ideia da estante – pensada como uma enorme vitrine para todas essas lembranças. “Ela é um elemento que me permite ir mudando, trocando as peças de lugar e colocando novas. Por ser filha de designer e arquiteta, acho que fui um pouco treinada a gostar e olhar para isso sempre. Então em viagens, lojas, feiras, onde quer que eu vá, não resisto quando vejo itens interessantes. A estante como um todo acabou se tornando um xodó, porque além de ser a primeira coisa que você vê quando entra no apartamento, ela é cheia de detalhes, memórias, presentes… e te faz ir olhando com calma cada coisa que tem ali”.

Marina é a favor de vivenciar o lar primeiro para depois ir sentindo as outras necessidades da casa, ao invés de já comprar tudo de uma vez apenas para completar os ambientes, então a decoração foi acontecendo com o tempo – e na verdade ainda está longe de acabar! * Quer continuar o passeio? No Capítulo 2 mostraremos mais espaços inspiradores do apê…

Fotos por Gisele Rampazzo

CONTINUA