Last Updated on: 19th março 2021, 05:52 pm

“Queríamos um apartamento claro, simples e aconchegante”. Esse era o desejo dos arquitetos Luisa e Gustavo quando decidiram reformar um antigo imóvel da família para construir seu lar. O plano do casal era aproveitar as qualidades existentes no apê dos anos 50 e realizar um projeto que as potencializasse – ou seja, eles queriam manter o que era mais bacana e fazer melhorias sem descaracterizar o lugar. Esqueça aquelas soluções mirabolantes ou ideias complicadas demais: aqui o que vale é a simplicidade mesmo. Tanto nas alterações arquitetônicas quanto nos materiais, passando também pelos móveis e objetos.

Da década de 1950 até agora, o apê já viveu muitas histórias. Primeiro foi habitado pelo tio avô de Gustavo, depois passou uns bons anos alugado e finalmente chegou às mãos do casal em 2015, quando eles começaram todo esse processo de renovação. Até que as condições gerais do apartamento não estavam mal, mas as partes de elétrica e hidráulica precisavam de melhorias, assim como alguns dos caixilhos antigos. Aproveitando esse ensejo, os moradores estenderam a obra e fizeram mudanças em outros cômodos: os banheiros foram diminuídos para que a área de serviço crescesse, e a cozinha foi integrada à sala, tornando a casa muito mais iluminada e agradável.

A decoração é de uma leveza tão grande que ninguém desconfiaria que o apartamento fica em plena Rua Augusta, uma das vias mais movimentadas de São Paulo. Os tons suaves, as texturas naturais e as plantas ajudam a dar essa sensação de calmaria, como se o casal tivesse montado um verdadeiro ninho. “Para trazer aconchego, descascamos algumas paredes da sala mostrando o tijolo existente e preferimos pisos e móveis de madeira que aquecem o ambiente, além do ladrilho nas áreas molhadas mantendo a mesma linguagem do acabamento original da cozinha”, Luisa explica.

Os moradores contam que muitos itens da casa vieram da família ou de amigos. O criado-mudo usado na sala, por exemplo, foi feito pela mãe de Luisa como trabalho final de um curso de marcenaria há alguns anos. Além dele, outras peças foram feitas por sua mãe, como vasos, potes e xícaras de cerâmica, uma mesa de mosaico e uma luminária também de cerâmica. Na verdade, até as plantas têm história. O lírio-do-amazonas, que fica na cozinha, foi da avó de Luisa uns 30 anos atrás, passou para sua mãe e agora está florescendo no apê. “A grande maioria dos nossos objetos não está aqui por questões meramente estéticas”, eles dizem. Pôsteres de viagens, trabalhos de amigos e móveis de família compõem os espaços e trazem uma importante carga afetiva à decoração.

A sala de jantar, que ocupa a posição central do apartamento, acabou de ganhar um novo integrante que fez toda a diferença no visual – o papel de parede degradê da branco. Luisa e Gustavo estavam procurando algum complemento para o ambiente, mas não sabiam exatamente o que escolher, até que descobriram os papéis coloridos da marca. “O maior impacto além da cor, foi dar profundidade e o contraste com o verde das plantas. Escolhemos esse tom que se aproxima da cor do ladrilho hidráulico da cozinha, dando uma continuidade do rodapé vermelho e fazendo a transição para o forro branco”, Luisa fala.

O casal considera as plantas fundamentais para o bem-estar do apê. Eles lembram que essa relação com a natureza já era algo importante desde a infância. “Como sempre morei e frequentei casas, sempre tivemos jardim e espaço externo para brincar. O fato de o apartamento ter uma varanda, mesmo que pequena, trouxe um pouco desta memória”, a arquiteta conta. Além de deixar os ambientes mais bonitos, as plantas contribuem para uma rotina menos acelerada, uma vez que os moradores curtem cuidar de cada uma delas sem pressa.

Em cada detalhe, o apartamento de Luisa e Gustavo transmite seus ideais de uma arquitetura que contribui para a vida e tem espaços generosos. O próprio prédio, com comércio no térreo, sem grades para a rua e com uma marquise que protege os pedestres, já é um sinal. No apê, com seus ambientes amplos, pé-direito alto e grandes janelas, a decoração dá continuidade a esse olhar, trazendo as lembranças e o aconchego em primeiro lugar.

Fotos por Isadora Fabian, do Registro de Dia a Dia