Last Updated on: 16th agosto 2021, 05:57 pm

Não é preciso olhar muito para entender que o apartamento da portuguesa Mafalda é personalidade pura. A começar pelos móveis: um apanhado de garimpos distintos incluindo peças herdadas da família, itens encontrados por aí e coisas compradas. “Isso é o que mais gosto, cada móvel e objeto pode, ou não, ter uma história e um significado. Costumo dizer que nunca conseguiria viver em uma casa com decoração minimalista. A minha acaba por ser uma confusão de estilos e peças, mas no fundo é isso que a torna tão especial e acolhedora”, ela fala. Com tanta bagagem assim, Mafalda achou perfeito encontrar um apê bem conservado, porém vazio, pronto para receber tudo isso e mais um pouco.

Ela se mudou para o endereço na zona alta de Lisboa há três anos e desde o começo gostou muito do espaço. Rapidamente se apaixonou pelo apartamento, em especial devido a três qualidades que a convenceram: a lareira para os dias mais frios do inverno, a garagem providencial e nada menos que uma piscina no rooftop do prédio com vista 360º sobre Lisboa e o Rio Tejo. Esse último argumento já seria suficiente, mas outro detalhe único do apê é a luz da manhã que entra diagonalmente pelas janelas da sala e desenha riscas de sombra nas paredes. Mafalda adora o efeito criado e costuma usá-lo em suas fotografias.


Mafalda não se preocupa em seguir um estilo só na decoração – assim como não consegue se definir em uma única profissão. “Faço tanta coisa e quero fazer tantas outras que é impossível dizer que sou só designer. Tenho feito, além do design e das redes sociais, trabalhos em uma das áreas que mais me apaixona: a moda. Basicamente faço tudo o que conseguir, detesto ficar parada. E com o crescimento do meu blog isso nem é possível, porque acabo por trabalhar mais do que se tivesse um emprego comum. Criei o Never Stop Dreaming em 2010, e lá se vão uns oito aninhos de blog. É onde consigo juntar todas as coisas que gosto, como decoração, moda, música, beleza…”, explica.

Mesclar móveis e objetos tão diferentes entre si acabou se revelando mais um dos talentos da moradora, e isso certamente torna o apartamento bem interessante. Entre suas peças favoritas estão o banquinho rústico de madeira na entrada que está na família há gerações e um armário com pés palito herdado de sua mãe (que por sua vez herdou da avó de Mafalda). “Estava pintado com uma cor bordô que não tinha nada a ver comigo, por isso decidi pintá-lo de branco e ficou lindo. Gosto mesmo muito dele e não o trocaria por nada”, conta. Ela também tem um carinho especial pelo jarrão chamado Primavera, da Bordallo Pinheiro, uma peça que cobiçava há séculos; e pelas arandelas perto da lareira, encontradas depois de muita busca em uma loja de família, meio perdida no tempo, em um bairro típico de Lisboa.

São muitas coisas reunidas em um apartamento não tão grande assim – o lugar deve ter entre 50 e 60m² – mas com boa organização cabe tudo e ainda sobra espaço. A lenha para a lareira, por exemplo, fica armazenada na sala mesmo, em pilhas sob as janelas. “Como compro poucas vezes, o normal é trazer muita quantidade. Com o tempo fui me habituando e é um elemento de decoração que já não dispenso mais”, Mafalda diz. Para ela, é importante que a casa reflita sua personalidade e esteja sempre cheia de tudo o que a faz feliz – sejam objetos ou pessoas. “O lar deve ser um local onde sejamos capazes de simplesmente estar, sem pensar em mais nada. E a minha casa é sempre o meu lugar preferido para estar”, define.

Fotos por Alessandro Guimarães