Last Updated on: 11th maio 2021, 03:26 pm

Quem passa apressado pelo Largo de Santa Cecília talvez não repare em um prédio antiguinho em meio a lojas de rua, mas foi ali que Mike, encontrou um apê charmoso para chamar de lar. Surpreendentemente, quando a porta do apartamento se abre, dá até para esquecer que ele fica em uma região movimentada de São Paulo: o pé-direito alto, as paredes brancas e as plantas trazem um clima de tranquilidade, como se o lugar fosse um refúgio mesmo.

Quando Mike descobriu o apê, há pouco mais de 6 meses, os espaços estavam bem conservados e eram promissores, então ele logo se encantou. A pequena varanda com piso antigo, os tacos de madeira e o banheiro amplo o convenceram de que esse seria um bom lugar para viver, mas antes seria necessário mudar uma coisinha aqui e outra ali. O morador tinha muitos livros, objetos de família e discos de vinil que precisavam caber no novo endereço, por isso ele buscou a ajuda de Gabi Azevedo e Fernanda Lins, do Matú Arquitetura.

“A Gabi é noiva do meu sócio, e em diversos momentos e viagens nos encontramos falando a mesma linguagem de decoração e gostos. Quando apareceu a oportunidade de o apartamento ser reformado, meio que já estava combinado, sabe? Não tinha como ser outra pessoa”, Mike brinca. Além de conhecer o trabalho da dupla há tempos, ele também se identificou com a linguagem moderna e despretensiosa dos projetos, então foi um match perfeito.

As mudanças feitas no apartamento não foram drásticas, mas impactaram bastante no visual e na funcionalidade de cada cômodo. O armário da cozinha, por exemplo, que estava sem porta, recebeu um complemento de pinus combinando com o modelo antigo original. Cores improváveis foram usadas nas portas da varanda e no guarda-roupa, e a sala ganhou uma estante alta com prateleiras ajustáveis que podem trocar de posição se necessário. “Sempre foi uma preocupação fazer algo que eu pudesse levar junto e refazer caso me mude. Hoje sou bem feliz com o resultado em que chegamos. Direto quando estou em casa, me pego de boca aberta observando as prateleiras e seus detalhes”, Mike fala.

As lembranças sempre tiveram seu espaço garantido na vida do morador. Muito ligado à família, ele trouxe para a decoração diversos quadros pintados a óleo por seu pai nos anos 70, em sua fase hippie-woodstock. “Na época ele foi um pintor, fotógrafo e desenhista industrial de muito talento. Também foi um dos cartunistas do coletivo que fazia os desenhos no Roda Viva, entre muitas outras histórias. Seu Jacob é uma caixinha de surpresas”, conta. Outra relíquia herdada de seu pai é a coleção de discos de vinil, com pérolas e raridades que hoje em dia todo mundo procura, mas ninguém acha.

As plantas fazem uma baita diferença no astral do apê – e olha que essa é uma paixão recente do morador. Apesar de sempre ter gostado do tema, ele não tinha muito dom no cultivo. Em seu antigo apartamento entrava pouca luz natural, então era difícil manter as espécies felizes, mas agora que a iluminação não é mais problema, Mike está aproveitando ao máximo. “Minha namorada também curte muito, e com o convívio fui aprendendo, comprando uma aqui, outra ali. Quando a sala ficou pronta, fui ao CEAGESP e dei a maior festa. Voltei com mais de 30 plantas de diversos tamanhos”, ele lembra.

A mistura entre localização, iluminação de sobra, grandes janelas e uma decoração com personalidade fez do apartamento de Mike um lugar especial. “O que torna minha casa mais acolhedora não é apenas um fator, mas sim o conjunto de todo o apê”.

Fotos por Gisele Rampazzo