Last Updated on: 19th abril 2021, 04:02 pm

Não é todo mundo que consegue encontrar o equilíbrio perfeito entre estilos e referências, porém a arquiteta Flavia tirou de letra essa missão durante o projeto de reforma de seu apartamento. Os contrastes e combinações aparecem em doses certeiras: para suavizar o aspecto bruto do concreto as paredes são brancas e os acessórios têm cores femininas, como vinho, rosa e roxo. Ao mesmo tempo, os móveis contemporâneos fazem companhia a peças vintage, como a cadeira do home office, enquanto as plantas arrematam os ambientes trazendo ainda mais aconchego. Contamos o comecinho dessa história no Capítulo 1, então clique AQUI para ler e não perder nenhum detalhe.

A arquitetura nunca foi uma escolha para Flavia, mas sim uma vocação natural: “Sempre fui atenta aos espaços, questionava por que me sentia bem em um lugar e não no outro. Se estamos em casa, na rua, no campo… o cenário conduz diálogos e transforma sensações.”, explica. Atualmente ela realiza projetos autorais no Mann Arquitetura e colabora com o escritório Nitsche Arquitetos, porém atua também em outras esferas de criação, assinando trabalhos visuais e de design gráfico. “Comecei a trabalhar com cenografia, depois fui para museografia, onde pude desenhar exposições e focar em instalações efêmeras, mas aos poucos a arquitetura permanente me conquistou. Todas essas áreas estão interligadas, então é interessante transitar entre elas.”.

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Cozinhar é um dos principais hobbies da moradora, que prefere seguir a intuição ao invés dos livros de receita e não tem medo de testar temperos exóticos comprados em viagens. “Na minha família a cozinha sempre foi o lugar mais habitado da casa, por isso queria que esse espaço fosse bem aberto. Assim tenho companhia no preparo dos pratos.”, brinca ela. Livre de divisórias, o cômodo recebe luz natural de ambos os lados, o que atenua o tom cinza das bancadas de concreto. Na área próxima à cuba o piso ganhou uma faixa de granilite, mais resistente aos respingos do que os tacos, e a parede recebeu azulejos estampados. Os canos e tubulações, antes camuflados, agora se exibem sem cerimônia, pintados de vinho ou mantidos em seu tom cobre original.

Uma porta de correr colorida separa a suíte de Flavia do restante do imóvel, no entanto ela está quase sempre aberta. Sem querer planejar tudo minuciosamente, a arquiteta foi adaptando a decoração do ambiente conforme sentia necessidade ou ia descobrindo coisas novas. O papel de parede amarelo e o tecido emoldurado acima da cama, por exemplo, são africanos, mas foram comprados em uma feira de objetos em Paris durante uma viagem especial feita com sua mãe. “Nós duas fomos para a França revisitar os lugares em que ela passou a infância. Chegamos a tocar a campainha da casa onde ela viveu com 10 anos de idade e a dona atual nos deixou entrar. Foi uma experiência de arrepiar.”.

O banheiro, que antigamente era um cômodo quase do tamanho de um quarto, foi dividido para dar origem ao lavabo e mesmo assim continuou amplo. Nele o granilite clarinho aparece mais uma vez, revestindo o piso, algumas das paredes e os degraus que isolam a área do box – ali havia uma viga invertida que não poderia ser removida, por isso Flavia teve a ideia de criar essa diferença de patamares. Por coincidência ou quem sabe um estímulo inconsciente, o resultado lembra a arquitetura das famosas casas de banho marroquinas.

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Esse apartamento pode ser definido de várias formas: um espaço acolhedor, um lugar para receber os amigos, um refúgio para memórias de família ou o reflexo de uma história de vida, mas ele é, antes de mais nada, um encontro de origens, viagens, sabores e descobertas. “Para mim a casa é um lugar íntimo. Ela reflete como a pessoa viveu e vive, além de toda a bagagem que vamos adquirindo com o tempo. Uma frase que adoro e define bem isso é ‘O importante não é a casa em que moramos. Mas onde, em nós, a casa mora.’, do escritor Mia Couto.”.

Fotos por Isadora Fabian, do Registro de Dia a Dia