Last Updated on: 27th abril 2021, 06:56 pm

Uma casa e todas as memórias que ela guarda não podem ser resumidas de uma vez só, então por aqui fazemos diferente. Ao invés de concentrar todos os detalhes e fotos em uma única matéria, criamos pequenos capítulos para que você possa curtir essa visita durante vários dias. É só acompanhar a ordem pelo título dos posts e apreciar o passeio sem se preocupar com o relógio. 

Loly é uma produtora de eventos argentina que vive em uma simpática casinha na Vila Olímpia com seu marido Mache, também argentino. Hum, essa história te parece familiar? Qualquer semelhança com a morada de Dolores, publicada na semana passada, não é mera coincidência. Loly e Dolores são amigas e compartilham referências parecidas. Apesar de algumas similaridades, as duas conseguiram criar espaços únicos que refletem a personalidade de cada casal.

Buenos Aires é a cidade do coração de Loly, porém sua vida sempre foi muito movimentada. Antes de se mudar para São Paulo há quase três anos, ela passou por diversos destinos surpreendentes. Sua infância teve como cenário uma fazenda no interior da Argentina, mas a adolescência foi vivida nos Estados Unidos por conta do emprego de seu pai. Aos 20 anos viajou para o México para passar alguns meses trabalhando e aos 24 foi a vez de morar na Nova Zelândia e acompanhar a temporada de snowboard de perto. Aventureira de corpo e alma, ela queria descobrir novos lugares, então mochilou por vários países remotos e excêntricos na Ásia, África, Europa, América do Sul… Chegou inclusive a praticar ski no Alaska e mergulho na Polinésia. Sim, viajar é definitivamente uma de suas maiores paixões.

Mesmo após visitar tantas cidades incríveis, ela acabava voltando para a terra natal. Era lá que estavam sua empresa de produção de eventos, com uma sócia e um pool de clientes fixos, sua rotina tranquila, seus amigos, sua família e ainda uma casa novinha no bairro de San Isidro. Tudo caminhava muito bem e ela não tinha a menor vontade de sacrificar o que estava conquistando. Até que Loly encontrou Mache. Quer dizer, o reencontrou.

Parece até roteiro de novela, mas na verdade é mais uma obra do destino. Os dois se conheciam desde crianças e eram praticamente vizinhos, porém com o tempo se afastaram. Através da internet eles retomaram contato e logo estavam namorando à distância. Nessa época Mache já morava no Brasil a trabalho, então os encontros eram mensais, já que ela vinha a São Paulo sempre que podia. Um ano e muitas pontes aéreas depois, a produtora decidiu se mudar em definitivo. Em nome do amor ela reorganizou seus planos e começou a construir uma nova história por aqui.

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A princípio Loly dividiu com o marido o mesmo apartamento que ele já ocupava antes, mas aos poucos o casal percebeu que precisava de mais espaço, conforto e contato com a natureza. Foi aí que eles começaram a procurar algo dentro desse perfil. Com dedicação e paciência descobriram uma pequena vila no meio da zona sul com casas charmosas disponíveis para aluguel. As trepadeiras na fachada, o quintal delicioso e a iluminação dos ambientes internos fizeram com que os dois se apaixonassem por um sobrado com mais de 50 anos e aproximadamente 150m². Apesar de antiga, a construção havia sido reformada pela proprietária, que é arquiteta, por isso os acabamentos são modernos e as funções bem distribuídas. Ou seja, a casinha tinha muito potencial – tanto que nenhuma alteração estrutural foi feita.

Viver de aluguel é a solução mais prática para Loly e Mache, mas, como tudo na vida, também tem suas desvantagens. Se dependesse da moradora o piso da sala seria diferente, a cozinha teria sido ampliada, a suíte ganharia uma banheira, a edícula passaria por uma mega transformação… Enfim, ter a casa dos sonhos requer muitos planos e nem todos eles são possíveis no momento, porém o casal se diverte com o desafio de criar um lar aconchegante mesmo enfrentando essas limitações.

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O que deu mais trabalho mesmo foi escolher que peças seriam trazidas de Buenos Aires. Como Loly mora sozinha desde os seus 20 anos ela possuía muitos objetos e móveis dos quais gostava, porém era inviável trazer todos eles, então só as coisas realmente importantes vieram. Para compensar, quase tudo o que mobiliava o antigo apartamento de Mache coube na nova casa, já que o outro imóvel era consideravelmente menor. O que ficou faltando foi preenchido com o passar dos meses de forma espontânea: nas feiras da Benedito Calixto e do Bexiga o casal garimpou itens que foram reformados por eles; em lojas dos Estados Unidos encomendaram mobiliário a preços mais amigáveis e juntaram ainda suas relíquias de viagens.

As cores também foram definidas naturalmente, sem uma lógica pré-estabelecida. Loly sempre gostou muito dos tons da terra e prefere criar uma base neutra para depois poder brincar com objetos mais chamativos. Apaixonada por vermelho, turquesa e verde, ela acha que esse trio funciona muito bem com nuances clarinhas de bege e cinza. A meta agora é inserir cada vez mais peças coloridas na decoração – porque cor nunca é demais.

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“Todo mundo que me conhece e entra na minha casa diz a mesma coisa: “Loly, tem a sua cara!” É um misto de muitas coisas, a maioria decorada espontaneamente, com um pouco de bagunça, algum quadro sem pendurar, detalhes meio hippies e um jardim verdíssimo. Aqui moro, aqui é o meu lugar de trabalho, aqui passo a maior parte do meu tempo e aqui sou mais feliz”, revela a moradora com uma pontinha de orgulho.

Quer acompanhar o resto dessa história? Confira o Capítulo 2, que vai ao ar ainda essa semana.

Fotos por Rafaela Paoli

CONTINUA